Os portugueses pagaram mil milhões de euros em seguros de saúde nos primeiros 10 meses de 2022, um máximo histórico até outubro, segundo dados divulgados esta terça-feira pela APS. Os dados demonstram que, a julgar pelos primeiros 10 meses, 2022 está a ser mais um ano de crescimento de dois dígitos nos prémios de seguros de saúde que cerca de 3,3 milhões de pessoas têm em Portugal.

Num encontro com jornalistas, por ocasião do 40º aniversário da Associação Portuguesa de Seguradores (APS), a associação liderada por José Galamba de Oliveira revelou alguns dados atualizados sobre o setor. Depois de em 2021 as seguradoras terem superado pela primeira vez os mil milhões de euros em prémios de seguro de saúde, em 2022 bastou chegar a outubro para esse marco ser ultrapassado.

O crescimento anual na área de seguros de saúde cresceu 10,8%, o único segmento onde o crescimento supera a taxa de inflação prevista para este ano, sublinhou José Galamba de Oliveira. Existem cerca de 3,3 milhões de seguros de saúde em Portugal mas, tendo em conta que algumas pessoas têm cobertura particular e também de empresa, a estimativa da APS é que haja pouco mais de três milhões de pessoas que têm pelo menos um seguro de saúde.

José Galamba de Oliveira sublinha, porém, que embora os pagamentos de prémios estejam a crescer a um ritmo próximo de 11%, também os custos que as seguradoras têm com este tipo de seguros cresceram 10,5% até outubro, para cerca de 700 milhões de euros. “A rentabilidade do setor do seguro de saúde tem vindo a degradar-se”, explicou o presidente da APS, referindo que a tendência é para que os tratamentos sejam cada vez mais caros e as pessoas usem mais o seguro de saúde para fazer consultas que não adiaram devido à pandemia de Covid-19.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Sem seguros e saúde privada, o SNS estaria numa situação ainda mais dramática”, diz presidente da APS

O setor que angariou mais prémios, porém, continua a ser o seguro automóvel, com 1,8 mil milhões de euros cobrados até outubro de 2022. Também aqui, porém, José Galamba de Oliveira alertou que os custos estão a subir – não só porque em 2022 não houve períodos de confinamento (como houve no início de 2021) e o setor está a debater-se com um grande aumento dos custos associados aos sinistros automóveis: reparações mais caras, peças que demoram mais a chegar, rent-a-car mais dispendiosos – tudo fatores que estão a penalizar a rentabilidade do segmento.

O setor segurador, como um todo, teve 354 milhões de euros de lucros no primeiro semestre, como já tinha sido divulgado, um aumento de cerca de 2% em relação aos 347 milhões do primeiro semestre de 2021. Porém, a APS antecipa um segundo semestre menos rentável em 2022, em comparação com 2021, sobretudo pela via dos resultados financeiros (mercados em queda e subida das taxas de juro que, numa primeira fase, pressionam os preços dos ativos das seguradoras).