O projeto luso-galaico “Ponte nas Ondas” foi esta quinta-feira reconhecido pela UNESCO, em Rabat, Marrocos, passando a integrar o Registo de Boas Práticas de Salvaguarda de Património Cultural Imaterial daquela organização internacional, tornando-se na primeira candidatura portuguesa da lista.
A confirmação aconteceu esta quinta-feira na 17.ª sessão do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO, na sigla em inglês), que está a decorrer há dias em Rabat, Marrocos.
Em comunicado enviado às redações, a Associação Cultural e Pedagógica Ponte…nas Ondas! congratulou-se com o reconhecimento de “um programa cultural nascido nas aulas portuguesas e galegas [que] foi considerado pela UNESCO um exemplo para o mundo”.
De acordo com o texto, a UNESCO destacou ainda “o empenho dos professores que há mais de 25 anos sensibilizam os mais novos sobre a preservação do património cultural na fronteira de Galiza e Portugal”.
Segundo a associação, a UNESCO realçou ainda que “a utilização das rádios escolares, a lusofonia, o rico legado da tradição cultural” comum às duas regiões vizinhas “e o êxito entre os mais jovens impulsionaram este programa educativo sobre a divulgação do património”.
Para a UNESCO, “tudo isto serve de inspiração para o entendimento em zonas transfronteiriças e em países em desenvolvimento”.
Também em comunicado, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) felicitou a Associação Cultural e Pedagógica Ponte, sublinhando tratar-se da “primeira vez que Portugal vê inscrita uma candidatura no registo de Boas Práticas de Salvaguarda da UNESCO”.
A DGPC “enaltece a importância deste projeto transfronteiriço, reconhecendo-o como exemplo meritório da forma como as comunidades de dois países têm trabalhado em conjunto em prol da salvaguarda de um património comum”.
O projeto Ponte… nas Ondas! nasceu há mais de 25 anos nas escolas do sul de Pontevedra, em Espanha, e do Alto Minho, em Portugal.
Através da associação com o mesmo nome, o trabalho desenvolvido foi no sentido de “salvaguardar o património cultural imaterial na fronteira portuguesa e galega, mediante a criação de espaços onde o património se pudesse praticar e transmitir às gerações mais novas”.
O professor e coordenador da Associação Cultural e Pedagógica Ponte…nas Ondas!, Santiago Veloso, citado na nota, adiantou que a inclusão do projeto na lista da UNESCO reconhece “uma trajetória de 27 anos e um modelo próprio criado na fronteira de Portugal e da Galiza, onde se integra o património e a rádio escolar, numa fórmula única”.
Santiago Veloso espera que esta “oportunidade histórica sirva de inspiração para o entendimento em zonas transfronteiriças em conflito”.
A candidatura multinacional esta quinta-feira inscrita na lista da UNESCO, apresentada por Portugal e Espanha com o apoio da Junta da Galiza, foi formalizada em março de 2021.