Um tribunal federal da Argentina condenou a ex-Presidente do país e atual vice-Presidente a seis anos de prisão. Cristina Kirchner fica ainda proibida de voltar a exercer cargos públicos.

Kirchner estava acusada de crimes de associação ilícita e administração fraudulenta de fundos públicos, com o Ministério Público a pedir uma pena de 12 anos de prisão, assim como a proibição definitiva de exercer cargos públicos. O tribunal federal optou pela metade: seis anos de prisão, mas manteve a proibição.

Segundo o El Mundo, é a primeira vez que uma vice-Presidente em funções é condenada. Em causa estão alegadas irregularidades na concessão de obras públicas durante as presidências de Néstor Kirchner (o marido de Cristina Kirchner, que faleceu em 2010) e da própria Kirchner, de 2007 a 2015.

Kirchner já tinha comparado o tribunal a um “pelotão de fuzilamento” perante a acusação. O jornal espanhol escreve que a ex-Presidente pode recorrer da sentença. Se for confirmada em recurso, poderia cumprir a pena em prisão domiciliária, um benefício na Argentina para quem tem mais de 70 anos de idade (Kirchner faz 70 anos em 2023).

Durante o dia desta terça-feira, apoiantes de Kirchner manifestaram-se em vários locais, ora cortando o trânsito na Avenida 9 de Julho, a principal artéria de Buenos Aires, ora à porta do Tribunal federal.

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A sentença confirma que Kirchner chefiou um sistema durante as suas duas presidência, em que prejudicou o Estado ao conceder contratos milionários para obras rodoviárias na província de Santa Cruz.

Para os procuradores, as obras ficaram incompletas, foram excessivamente caras e desnecessárias. Os contratos foram concedidos ao mesmo homem, o magnata da construção Lázaro Báez. O dinheiro terá acabado por chegar aos Kirchners.

Para desviar os fundos, “de um dia para o outro, Lázaro Báez, um amigo do então presidente da Nação e parceiro de negócios do Presidente e da sua esposa, tornou-se um empresário da construção civil”, segundo um dos procuradores. Báez já foi condenado a 12 anos de prisão por branqueamento de capitais.