Enviado especial do Observador em Doha, no Qatar

De um lado, lágrimas. Muitas lágrimas, a começar no balneário com a despedida de Paulo Bento do comando técnico da Coreia do Sul e a passar também pela zona mista onde Hwang In-beom, médio de apenas 26 anos dos gregos do Olympiacos que fez um Mundial a pedir patamares mais altos, não aguentou a emoção e saiu da zona onde estavam os jornalistas do país a chorar de forma compulsiva. Do outro, só sorrisos. Mesmo muitos sorrisos. E com um jogador mais sorridente do que todos os outros depois deste jogo: Danilo.

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Para bom entendedor, uma palavra e meia de Tite na conferência de lançamento do jogo bastava para se perceber que o jogador da Juventus iria ser titular. Thiago Silva também deu um ajuda, ao anunciar quase sem se perceber que era ali que estava a notícia que o lateral já estava a treinar integrado com o grupo. O selecionador, sem dar a escalação, fez o resto: pediu para que os jornalistas fossem ver quem tinha jogado em posições que não eram as suas no passado, depois reforçou que as escolhas para o Mundial tinham sido feitas tendo por base do meio-campo para trás a polivalência. Ora, se Alex Telles está lesionado até ao final da prova (daí Neymar ter ido dedicar o golo ao companheiro) e se Alex Sandro continua a recuperar, não sobrariam assim tantas hipóteses de escolha – e até foi poupado para que Bremer fosse testado na posição.

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Depois de ter passado longos minutos na zona mista a falar com jornalistas brasileiros, Danilo parou depois num grupo com mais brasileiro mas também portugueses e acabou a falar não só do jogo que terminou em goleada frente à Coreia do Sul e consequente apuramento para os quartos frente à Croácia (que bateu o Japão nos penáltis) como da passagem pelo FC Porto e do ex-companheiro Cristiano Ronaldo.

“Estou muito satisfeito, é uma felicidade muito grande. Tive tempo para recuperar, para estar em campo e ajudar. Jogar na lateral esquerda não é problema, já joguei muitas vezes ao longo da minha carreira. Como foi tão rápida a recuperação? Foi precisa muita força de vontade e resiliência. Isso é uma marca da minha trajetória mas também tenho de agradecer a todo o pessoal da área médica da seleção. Trabalharam incansavelmente para que eu e Neymar pudéssemos jogar. Se pensei que não desse? Claro, são coisas que passam pela cabeça. No Mundial passado também fiquei de fora por lesão e, nos primeiros dias, tinha muita dor no pé. Mas eu não facilito. Disse que iria melhorar um por cento a cada hora do dia e assim foi. Segui o plano, confiei no meu corpo e no trabalho dos médicos. Graças a Deus, estou bom”, começou por dizer.

“Se tenho saudades do FC Porto? Seguramente que sim, tenho saudades do FC Porto. Ronaldo? O Cristiano é um jogador fora de série, um ser humano incrível também e tenho a certeza que ele saberá gerir bem toda essa situação. Se gostaria de encontrá-lo na final? Vamos ver…”, concluiu o lateral que passou pelos dragões entre 2012 e 2015 antes de rumar de seguida a Real Madrid, Manchester City e Juventus.

Também Raphinha, extremo que passou por V. Guimarães e Sporting antes de rumar em 2019 aos franceses do Rennes estando agora no Barcelona, levantou essa possibilidade de final com a Seleção, falando também de um antigo companheiro em particular. “Bruno Fernandes? Não conversei com ele ainda neste Mundial, vou deixar ele mais concentrado com a equipa portuguesa. Portugal tem uma grande seleção e todas as condições para chegar à final. Seria um prazer imenso chegar à final com eles. Se imaginava estar aqui? Imaginar não imaginava mas mentalizava muito estar aqui. Trabalhei muito. Muita gente acaba por não ver o nosso trabalho no dia a dia e acabam só por criticar, o trabalho de muita gente também é criticar apenas, mas coloquei na cabeça onde queria estar e trabalhei para poder estar aqui”, salientou o jogador.