Continua a engrossar o rol de construtores de automóveis europeus que decidem produzir determinados modelos na China e, a partir de lá, exportá-los para a Europa, apesar de o rótulo “made in China” ainda suscitar algumas dúvidas ou reservas junto dos automobilistas do Velho Continente. Ao que parece mais sensíveis ao argumento dos custos de produção inferiores, são várias as marcas que seguiram ou vão seguir por esse caminho. A Cupra é a mais recente confirmação, avançou a Bloomberg, numa lista cada vez mais preenchida e díspar, que vai das chamadas marcas premium à low-cost Dacia.
Depois da BMW com o iX3 e da Mini com o Cooper SE, ambos modelos eléctricos, os exemplos a bateria chegados da China continuam, pois o Polestar 2 é fabricado na China, tal como será o Polestar 3 e novo Smart #1. Sem esquecer que também é essa a proveniência do eléctrico mais barato no mercado europeu, o Dacia Spring. Agora, com o argumento que a capacidade de produção é limitada no seu mercado doméstico, o Grupo Volkswagen confirmou que a Cupra vai fabricar o futuro Tavascan bem longe de Zwickau, a fábrica na Alemanha onde é produzido o “mano” Volkswagen ID.5, que parte da mesma base do ID.4, mas com um estilo mais coupé.
Significa isto que tal como os restantes mercados europeus, Espanha – berço da Cupra – vai ter de ficar à espera do Tavascan vindo da China, o que dificilmente tranquilizará nuestros hermanos, numa fase em que a gama da própria Seat é “estrategicamente” arrastada para a cauda do grupo, em matéria de electrificação. Isto apesar de, no âmbito do chamado programa PERTES, o Governo espanhol ter decidido atribuir ao Grupo Volkswagen, na primeira fase do programa, 397,4 milhões de euros de um total de 877,2 milhões para que este crie, aqui ao lado, um pólo europeu de produção de veículos eléctricos e baterias.
A avançar esse investimento na electrificação da indústria automóvel em Espanha, orçado em 10 mil milhões de euros, a realidade é que ainda será preciso esperar uns anos até que se materialize. E o Cupra Tavascan não pode esperar: o segundo modelo da marca desportiva da Seat assente na plataforma MEB, depois do Born, é esperado em 2024. Mais virado para o desempenho e para a performance, mas previsivelmente com um look mais desportivo, próximo do ID.5, o SUV eléctrico da Cupra será exclusivamente produzido em Anhui, num megacomplexo que a Volkswagen está a implantar nessa província chinesa em joint-venture com o Jianghuai Automobile Group (JAC).
“Ao traçar o plano de produção, a unidade de Anhui destacou-se como a fábrica com a capacidade e a tecnologia adequadas”, referiu a VW em comunicado, acrescentando que actualmente não planeia produzir outros modelos para importar da China para a Europa. Tal não significa que, entretanto, os planos não mudem, até porque conforme relatou o Car News China, está já previsto que, a partir de 2026, Anhui passe a construir modelos sobre a nova plataforma eléctrica do Grupo Volkswagen, a Scalable Systems Platform (SSP).
Resta esperar, mas as previsões vão no sentido de a China se agigantar como uma alternativa à produção automóvel na Europa. Se hoje um em cada cinco modelos a bateria já vem da China (dados da Jato Dynamics relativos às vendas na Europa, de Janeiro a Agosto), espera-se que, dentro de dois anos (2025), o Velho Continente esteja a importar de lá perto de 1 milhão de carros eléctricos.
De recordar que o ID.4 também sai de duas fábricas chinesas, em Anting e Foshan, mas essa produção destina-se exclusivamente a abastecer o mercado local, tal como sucederá nos EUA com a fábrica de Chattanooga, no Tennessee.