Um acordo mundial ambicioso sobre biodiversidade vai estar em discussão a partir desta quarta-feira em Montreal, Canadá, na 15.ª Conferência da ONU sobre Diversidade Biológica (COP15).

A conferência, que decorrerá até 19 de dezembro, junta cerca de 17.000 delegados de quase todo o mundo e na inauguração deverá estar o secretário-geral da ONU, António Guterres, o presidente da COP15, que é o ministro da Ecologia e Meio Ambiente da China, Huang Runqui, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, e o chefe tradicional da nação Onondaga, Tadodaho Sid Hill.

A reunião de Montreal é a segunda parte da COP15, cuja primeira parte decorreu no ano passado em Kunming, na China.

Da COP15 é esperado um acordo que, nomeadamente, estabeleça a proteção de 30% do planeta até 2030, no mar e em terra, e que na mesma altura se esteja a trabalhar para recuperar 20% de ecossistemas degradados.

Ainda que a diretora-geral da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), Elizabeth Maruma Mrema, já se tenha afirmado esperançada na adoção durante a conferência de um quadro global de proteção da biodiversidade pós-2020, com uma estratégia e um roteiro global de conservação, proteção, restauração e gestão sustentável, organizações ambientalistas têm afirmado os seus temores de que da COP15 não saiam medidas importantes.

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Para a reunião que começa esta quarta-feira estão fixados, segundo a proposta já conhecida, 22 objetivos para 2030, embora só haja até agora acordo sobre dois deles.

Entre os objetivos estão questões como a redução em dois terços dos pesticidas, a eliminação do plástico, a eliminação ou redução drástica dos incentivos e subsídios nocivos para a biodiversidade, ou a gestão de espécies exóticas reduzindo para metade a disseminação de espécies invasoras.

Na terça-feira, em entrevista à agência Efe, o comissário europeu do Ambiente, Virginijus Sinkevicius, alertou que o esforço de redução de emissões de gases com efeito de estufa, para travar o aquecimento global, só será eficaz se ao mesmo tempo redobrarem os esforços para proteger a natureza.

“Mesmo que a neutralidade das emissões seja alcançada, não será suficiente porque não existe tecnologia que possa substituir a capacidade dos oceanos, solos ou florestas para absorver CO2 (…) A nossa corda de segurança, a nossa economia e o nosso bem-estar dependem de ecossistemas saudáveis”, disse o responsável a propósito da COP15.

A CDB foi assinada por 150 líderes mundiais em 1992 no Rio de Janeiro, na Cimeira da Terra, com o objetivo de proteger a natureza, o seu uso sustentável e a partilha justa de benefícios.

Desde então realizaram-se 14 Conferências das Partes (COP), o órgão da Convenção que toma decisões periodicamente.

Organizações internacionais têm avisado que cerca de um milhão de espécies animais e vegetais podem estar em risco de extinção com a continuação da destruição dos ecossistemas e sem medidas para travar o declínio da natureza.