O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) anunciou esta quinta-feira que tinha tido recentemente acesso aos prisioneiros de guerra ucranianos e russos, visitas que anteriormente tinham sido extremamente limitadas e esporádicas.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tem criticado fortemente o CICV por não fazer o suficiente para ter acesso aos soldados ucranianos feitos prisioneiros pelas forças russas.
O próprio CICV tinha manifestado frustração por não poder cumprir o seu mandato, ao abrigo das Convenções de Genebra, que definem as leis da guerra.
“Na semana passada, o CICV realizou uma visita de dois dias aos prisioneiros de guerra ucranianos. Outra visita está a decorrer esta semana. Durante o mesmo período, foram também efetuadas visitas a prisioneiros de guerra russos e estão previstas outras visitas antes do final do mês”, disse o CICV através de uma declaração.
Os delegados puderam avaliar as condições de vida e tratamento dos prisioneiros e dar notícias sobre os mesmos às suas famílias, disse a organização.
Também puderam distribuir livros, produtos de higiene pessoal, cobertores e roupa quente.
O CICV não deu pormenores sobre as condições de vida dos prisioneiros.
Questionado pela agência AFP, o CICV não disse imediatamente quantos prisioneiros tinham sido visitados ou para onde tinham ido as equipas da Cruz Vermelha.
“Estas visitas são um importante passo em frente na preservação da humanidade no meio da brutalidade do conflito armado internacional”, disse a presidente do CICV, Mirjana Spoljaric, citada na declaração.
“Somos capazes de avaliar a forma como os prisioneiros de guerra são tratados e assegurar que as suas famílias recebam notícias. Espero que, como resultado destas visitas, nos seja concedido um acesso mais regular a todos os prisioneiros de guerra”, acrescentou.
A organização não está satisfeita com estas visitas. “As recentes visitas são um importante passo em frente. No entanto, o CICV deve ter livre acesso a todos os prisioneiros de guerra e poder vê-los repetidamente e sem testemunhas, onde quer que se encontrem detidos”, prossegue a declaração.
A Missão de Monitorização dos Direitos Humanos das Nações Unidas na Ucrânia descreveu recentemente os maus-tratos infligidos aos prisioneiros de guerra pelos seus captores russos e ucranianos, incluindo casos de tortura.
Embora as autoridades ucranianas tenham concedido acesso sem restrições aos campos prisionais russos, tiveram de confiar nos testemunhos dos prisioneiros ucranianos libertados antes de serem autorizados a entrar nos campos controlados pela Rússia.
“A grande maioria” dos entrevistados capturados pelas forças russas e grupos armados seus aliados “disse-nos que foram torturados e maltratados durante a sua detenção”, disse Bogner.
Não só para lhes extorquir informação, mas também para “intimidá-los e humilhá-los” diariamente, explicou Matilda Bogner, a chefe da missão, em meados de novembro.
E relatou “alegações credíveis” de execuções sumárias de prisioneiros de guerra russos capturados pelas forças ucranianas e vários casos de tortura e maus-tratos.