Os timings continuam a ser para lá de estranhos: dias depois da vitória da Seleção Nacional frente à Suíça nos oitavos de final do Mundial do Qatar e antes do confronto da Seleção Nacional com Marrocos nos quartos de final do mesmo Mundial do Qatar, o FC Porto jogava em Chaves para a Taça da Liga.
Em pleno feriado, numa quinta-feira fria e de chuva, os dragões visitavam o Desp. Chaves na segunda jornada da fase de grupos da Taça da Liga e depois de terem escorregado em casa com o Mafra. Ainda assim, e face à nova igualdade que o mesmo Mafra não conseguiu evitar contra o Vizela no início da semana, a equipa de Sérgio Conceição tinha a possibilidade de se isolar na liderança do grupo e ficar muito perto do apuramento para a fase seguinte. Para isso, porém, tinha de vencer um conjunto de Vítor Campelos que ficou no 8.º lugar na altura da interrupção do Campeonato para o Mundial.
Ficha de jogo
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Desp. Chaves-FC Porto, 0-2
Fase de grupos da Taça da Liga
Estádio Municipal Eng. Manuel Branco Teixeira, em Chaves
Árbitro: Cláudio Pereira (AF Aveiro)
Desp. Chaves: Paulo Vítor, João Correia, Queirós, Steven Vitória, Sandro Cruz (Bruno Langa, 54′), Guima, Euller (Jonathan Arriba, 54′), Obiora (Juninho, 77′), Luther Singh (Abass, 77′), João Teixeira, Héctor Hernández
Suplentes não utilizados: Gonçalo Pinto, Sarr, Edu, Benny, Jô Batista
Treinador: Vítor Campelos
FC Porto: Cláudio Ramos, João Mário, Fábio Cardoso, Marcano, Wendell, Uribe (Bernardo Folha, 90+2′), Grujic, Pepê (Gonçalo Borges, 83′), Galeno (André Franco, 88′), Danny Loader (Taremi, 83′), Toni Martínez (Evanilson, 88′)
Suplentes não utilizados: Samuel Portugal, David Carmo, Gabriel Veron, Rodrigo Conceição
Treinador: Sérgio Conceição
Golos: Danny Loader (55′ e 59′)
Ação disciplinar: cartão amarelo a Euller (51′), a Luther Singh (54′), a Steven Vitória (70′), a Guima (82′), a Héctor Hernández (90+3′)
Com timings tão estranhos, precisamente, o treinador do FC Porto não esconde que é necessário encontrar novos formatos de motivação. “Até eu sinto que o meu nome não é tão falado nas televisões, é uma coisa estranha. Gosto de ser falado, mal ou bem, e acho que o jogador deve ter o mesmo sentimento. Temos algumas estratégias, dei-lhes como trabalho de casa ver o Mafra-Vizela e depois no dia seguinte não perguntei nada, porque sabia que tinham visto. Todas as atenções estão viradas para o Mundial e esquecemos um bocadinho aquilo que é a nossa competição, o nosso dia a dia. O trabalho é feito exatamente da mesma forma mas, se calhar até de uma forma inconsciente, a tendência é essa. Jogamos um jogo e depois jogamos outro daí a 15 dias. Falta-nos a competição, estar nessa boa pressão de que muitas vezes falamos em jogos decisivos. Precisamos disso, dessa pressão de que muitos não gostam mas que eu adoro. É deitar-me com as orelhas a arder de tanta gente que manda uma bitaitada sobre mim. Até estou a achar estranho não haver ninguém a falar do Conceição”, atirou o técnico na antevisão da partida.
Assim, e numa fase em que o Mundial já está nos quartos de final, Sérgio Conceição já podia conta com os internacionais cujas seleções já foram eliminadas: o iraniano Taremi, o sérvio Grujic e ainda o canadiano Stephen Eustáquio, ainda que este último continuasse a ser baixa por ter regressado lesionado. Neste contexto, o treinador dos dragões colocava Grujic no onze inicial, deixando Taremi ainda no banco, e apostava em Galeno, Pepê, Danny Loader e Toni Martínez, com Cláudio Ramos a ser o dono natural da baliza na ausência de Diogo Costa. Do outro lado, Vítor Campelos também contava novamente com Steven Vitória, que esteve no Qatar ao lado de Eustáquio a representar o Canadá.
Seja superstição ou maldição, há mesmo um fantasma debaixo da cama (a crónica do FC Porto-Mafra)
Numa primeira parte disputada a alta intensidade, com ambas as equipas a deixarem claro que pretendiam alcançar a liderança do grupo, o FC Porto assumiu o ascendente da partida à passagem do quarto de hora inicial e foi criando perigo através de transições rápidas e da velocidade de Galeno. Toni Martínez dava-se muito ao jogo e teve o primeiro lance mais perigoso, com um remate de fora de área que passou por cima da baliza (10′), e ia sendo o elemento mais disruptivo da equipa ao movimentar-se sem bola para abrir espaços no último terço e criar desequilíbrios.
Os dragões beneficiaram de uma superioridade clara até à meia-hora, com Paulo Vítor a roubar o golo a Pepê (15′) e a Fábio Cardoso (19′) com grandes intervenções, mas o Desp. Chaves acordou no último quarto de hora do primeiro tempo e reequilibrou as dinâmicas para conquistar mais tempo de posse de bola e infiltrar-se no meio-campo adversário. Guima e Euller eram os jogadores mais inspirados na transição ofensiva dos flavienses, garantindo uma noite difícil a Uribe e Grujic no setor intermédio, e Cláudio Ramos tornou-se crucial a segurar o empate ao defender um cabeceamento de Héctor Hernández à queima-roupa (39′).
Ao intervalo, com o empate sem golos a persistir, o FC Porto não estava a vencer mas já ia deixando uma imagem muito mais positiva do que aquela que ficou do jogo com o Mafra no Dragão: a equipa de Sérgio Conceição apresentava uma agressividade semelhante à habitual no Campeonato, pressionava alto e não cedia grandes espaços, fatores que só atribuíam mérito à exibição corajosa do Desp. Chaves.
8.º jogo consecutivo do ????FC Porto na Taça da Liga sem ter vantagem ao intervalo
⚠A última vez que o FC Porto saiu em vantagem ao intervalo na Taça da Liga foi, precisamente, em Chaves, em 2019/20 (ganhava por 0-3)#Allianz Cup #GDChaves #FCPorto pic.twitter.com/eGK9GWbJAE
— Playmaker (@playmaker_PT) December 8, 2022
[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Desp. Chaves-FC Porto:]
Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo mas Vítor Campelos foi forçado a mexer logo nos primeiros minutos da segunda parte devido a uma aparente indisposição de Sandro Cruz — lançando Bruno Langa para substituir o lateral emprestado pelo Benfica e aproveitando também para trocar Euller por Jonny Arriba. O FC Porto entrou melhor do que o Desp. Chaves no segundo tempo, encostando os flavienses ao respetivo último terço e procurando claramente não adiar muito mais a inauguração do marcador. E chegou lá ainda antes da hora de jogo.
Na sequência de um transição rápida pelo corredor central que acabou na ala direita graças a um ressalto, João Mário tirou um cruzamento perfeito para a grande área e Danny Loader, praticamente sem oposição, desviou ao primeiro poste para marcar (55′). Instantes depois, com Toni Martínez a recuperar a bola na faixa esquerda para acelerar e cruzar atrasado já junto à linha de fundo, o jovem avançado apareceu novamente a atirar de primeira para ainda beneficiar de um desvio em João Queirós e estrear-se a bisar pelo FC Porto (59′).
Loader ⚽⚽bisa pela 1.ª vez pela equipa principal do FC Porto
⚠O último bis de Loader tinha sido na última jornada da II Liga na época passada, pelo FC Porto B, frente ao Benfica B#AllianzCup #GDChaves #FCPorto pic.twitter.com/i6afsBRzPQ
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Até ao fim, à exceção de uma bola no poste de Danny Loader (76′) e do regresso de Taremi à competição com a camisola dos dragões depois da participação no Mundial, já pouco aconteceu. O FC Porto venceu o Desp. Chaves e subiu à liderança do grupo da Taça da Liga, dependendo apenas de si mesmo para chegar aos quartos de final da competição. Tal como Sérgio Conceição, também Danny Loader anda a estranhar a ausência de atenção — e fez questão de bisar para que, pelo menos esta quinta-feira, possa adormecer com as orelhas a arder.
Ao 4.º jogo do Grupo A, o primeiro que não termina empatado:
➡FC Porto x Mafra, 2-2
➡Vizela x Chaves, 2-2
➡Mafra x Vizela, 1-1
➡Chaves, FC Porto, 0-2#AllianzCup #GDChaves #FCPorto pic.twitter.com/6NbQrvAWst— Playmaker (@playmaker_PT) December 8, 2022