Enviado especial do Observador em Doha, no Qatar

O braço esquerdo ainda ao peito com uma ligadura castanha, o outro braço a segurar para tentar disfarçar as dores, a postura do costume a dar a cara a ganhar ou a perder. Pepe, central que entrou em vários registos da história do Mundial pelo que fez aos 39 anos (faz 40 em fevereiro), foi o primeiro jogador a passar pela zona mista depois da derrota de Portugal frente a Marrocos, trocando os habituais movimentos defensivos que tem em campo por um ataque direto como aquele que foi protagonista no penúltimo minuto de descontos, quando subiu à área para desviar de cabeça ao lado. E um dos alvos não esteve sequer em campo.

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“Na primeira parte eles foram lá uma vez e fizeram um golo, todas as jogadas que queríamos fazer eles iam parando, o árbitro não deixava e não admoestava os jogadores de Marrocos…”, começou por dizer antes de uma curta paragem depois de alguém ter soltado um berro por Marrocos que não é propriamente normal em zonas mistas depois dos jogos por mais entusiasmo que possa existir pelo feito histórico alcançado.

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“Na segunda parte foi mais do mesmo, o guarda-redes deles a perder tempo, muitas faltinhas, o árbitro a não dar amarelo, dos oito ou nove árbitros que estiveram aqui hoje no jogo cinco são argentinos… Posso estar muito errado mas já tenho muita experiência disto, posso dizer que eles vão dar o título à Argentina”, apontou o central a propósito da nomeação da FIFA para o terceiro encontro dos quartos.

“Último jogo por Portugal? E do Cristiano? Hoje não é importante falar se é o último jogo do Pepe ou do Cristiano, o importante é que em Portugal estamos muito tristes por não ganhar, por não darmos uma alegria às nossas pessoas. Temos de olhar agora um pouco para nós e perceber o que é que não fizemos tão bem para que isto tenha acontecido”, acrescentou, antes de explicar que não sabia o que podia ter no braço mas que iria logo após aquela zona mista ser observado para apurar a extensão da lesão, vendo confirmado após a realização de exames numa unidade hospitalar a fratura no cúbito do braço esquerdo.

“Portugal esteve sempre por cima do jogo e acabou por sofrer um golo quando não esperava. É inadmissível um árbitro argentino arbitrar o nosso jogo hoje. O que é que jogámos na segunda parte? Não jogámos nada, o guarda-redes deles sempre a parar… A única equipa que queria jogar futebol era Portugal. Estamos tristes, tínhamos qualidade para seguir. Ansiedade? Não, não é ansiedade, é raiva”, tinha dito antes o central do FC Porto na zona de entrevistas rápidas das TV após o final do encontro frente a Marrocos.

Notícia atualizada às 22h39 em Doha (19h39 em Lisboa) depois da confirmação da fratura do cúbito do braço esquerdo de Pepe