Os protestos no Peru aumentaram durante o dia de hoje, com manifestantes a exigir a libertação do antigo chefe de Estado e novas eleições, além de um apelo a uma greve nacional contra a nova presidente, Dina Boluarte.

As manifestações, que ocorreram em várias cidades do norte e sul dos Andes pelo quarto dia consecutivo, exigiram a demissão de Dina Boluarte e novas eleições após o falhado golpe e a detenção do antigo presidente Pedro Castillo, bem como a sua libertação.

As ações de protesto juntaram milhares de pessoas nas ruas de Cajamarca, Arequipa, Tacna, Andahuaylas, Cusco e Puno, de acordo com imagens transmitidas pelas estações de televisão locais.

Em Andahuaylas, onde 20 pessoas ficaram feridas no sábado, entre 16 civis e quatro polícias, voltaram os confrontos violentos entre manifestantes e polícias.

Sindicatos agrários e organizações sociais camponesas e indígenas apelaram hoje para uma “greve indefinida” a partir de terça-feira, rejeitando o Congresso e exigindo eleições antecipadas e uma nova constituição, de acordo com um comunicado da Frente Agrária e Rural do Peru, citado pela agência France-Presse.

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O coletivo, que também apela à “libertação imediata” do antigo presidente Pedro Castillo, disse que ele “não levou a cabo um golpe de Estado” quando tentou dissolver o parlamento e estabelecer um estado de emergência.

Em Lima, o partido esquerdista Peru Libre convocou uma manifestação para hoje à tarde na histórica Praça San Martin, o epicentro dos protestos políticos no Peru.

Lima sempre virou as costas a Castillo, um professor rural e líder sindical fora de contacto com as elites, enquanto tem sido apoiado pelas regiões andinas desde as eleições de 2021.

Por outro lado, o Congresso dominado pela direita anunciou que se reuniria hoje à tarde para analisar a situação.

Castillo foi detido pelo seu próprio guarda-costas a caminho da embaixada mexicana para procurar asilo político. É acusado de “rebelião”.

Boluarte, que foi vice-presidente até à sua tomada de posse na quarta-feira depois de Pedro Castillo ter sido deposto, formou um governo no sábado com um perfil independente e técnico, com um antigo procurador, Pedro Angulo, como primeiro-ministro.

A exigência de novas eleições está associada a uma rejeição maciça do Congresso: de acordo com as sondagens de novembro, 86% dos peruanos desaprovam o parlamento.

Na sexta-feira, Boluarte não excluiu a convocação de eleições antecipadas para encontrar uma saída pacífica para a crise política e pediu à população para permanecer calma.

Entretanto, a teoria, avançada pelo ex-chefe de gabinete e advogado de Pedro Castillo, de que o antigo presidente foi drogado sem o seu conhecimento durante a sua tentativa falhada de golpe de estado, está a causar uma agitação no país.

Numa carta alegadamente escrita na prisão, Castillo afirma que um médico e enfermeiros “camuflados” e um procurador “sem rosto” (encapuzado) “forçaram-no” a colher amostras de sangue sem o seu consentimento na sexta-feira e no sábado.

Segundo Castillo, ele recusou-se a cooperar porque temia pela sua segurança e disse que o teste toxicológico fazia parte de um “plano maquiavélico” da presidência, do procurador e do Congresso.

O presidente do Instituto de Medicina Legal, Francisco Brizuela, confirmou que o ex-presidente “se recusou a submeter a um teste de sangue e a uma amostra de urina, para que o teste (para determinar se estava drogado) não pudesse ser realizado”.

Acrescentou que Pedro Castillo tinha recusado “um teste psicológico e psiquiátrico”.