Entre as várias marcas que compõem a Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, a Nissan é a primeira a dar o pontapé de saída para a adopção de um novo modelo de negócio, onde a figura do concessionário desaparece para ceder o lugar a uma agência sem qualquer compromisso, já a partir de Janeiro de 2024. O fabricante nipónico anunciou que vai aderir ao agenciamento, pese embora as diferentes filiais tenham liberdade de escolha, o que significa que em alguns países ainda pode perdurar o esquema convencional.

Não é o caso da Suécia, país que é o primeiro a avançar com a transição para o modelo de agência. Isto pese embora um inquérito aí realizado tenha demonstrado que o consumidor não se sente atraído pela mudança. Pelo contrário, uma pesquisa levada a cabo por uma publicação de referência revelou que 78% dos clientes prefeririam continuar a adquirir uma nova viatura através de um stand, enquanto 15% se revelou disposto a efectuar a compra online, mas só depois de passar primeiro pelo concessionário, para ver ou testar determinado modelo. Feitas as contas, apenas 4% se mostraram favoráveis à compra directa à marca por via online.

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Mas a realidade é que, depois de a Tesla ter demonstrado que era possível vender carros sem os tradicionais concessionários – mostrando, entregando e assistindo os veículos em instalações da própria marca -, eliminando assim um intermediário e os custos daí advenientes, e apoiando-se num esquema de vendas exclusivamente online, outros construtores decidiram enveredar também por esse caminho. Em busca do que alegam ser uma relação directa com o cliente, em que o saldo favorece ambas as partes: o fabricante poupa milhões de euros, enquanto o cliente passa a lidar com uma política de preços mais transparente, com um valor fixo igual para todos e não regateável, sem dar azo a descontos quase “loucos”.

Foram precisamente estes os argumentos esgrimidos pela directora-geral da Nissan Suécia, Cecilie Pedersen, para justificar a passagem de uma rede de concessionários para uma rede de agências. Estas vêem o seu papel no processo de compra ser quase que esvaziado, na medida em que obrigatoriamente a aquisição é processada online. Em contrapartida, livram-se daquilo que muitas vezes representa uma enorme dor de cabeça no negócio tradicional, o stock, com o inventário das unidades disponíveis e o processamento das encomendas a ser da responsabilidade do fabricante.

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Este modelo de vendas é mais fácil para marcas mais jovens, como a Polestar por exemplo, que começam a construir o seu histórico numa fase de transição da indústria. Prova disso é que a Volvo, que controla a Polestar juntamente com a Geely, optou por limitar esta solução à comercialização de veículos eléctricos, com toda a operação até à entrega da viatura a processar-se através da Internet.

A Mercedes e as 14 marcas do grupo Stellantis foram mais longe e começaram mais cedo a preparar o terreno para que os respectivos concessionários passem a agências, em alguns casos, já a partir de meados de 2023. BMW e Mini seguirão a mesma estratégia em 2026 e 2024, respectivamente.