Cerca de 40 ativistas climáticos estão esta quinta-feira concentrados na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em solidariedade com as colegas julgadas por desobediência civil, cuja sentença será conhecida sexta-feira, segundo uma dirigente do movimento pelo fim dos combustíveis fósseis.

“Estas colegas não estão sozinhas”, disse Alice Gato à Agência Lusa, referindo-se às ativistas climáticas que no passado dia 11 de novembro se manifestaram, entre outras pessoas, pelo fim da exploração dos combustíveis fósseis até 2023.

A sentença do julgamento das quatro ativistas climáticas da Faculdade de Letras de Lisboa, por desobediência civil, está marcada para sexta-feira, após o Ministério Público ter pedido, a 9 de dezembro, a condenação em multa e a defesa a absolvição. “Há crimes contra o nosso planeta. Elas [as ativistas julgadas] apenas estavam a protestar pacificamente pelo futuro de todos nós”, adiantou.

Alice Gato, uma das porta-vozes do movimento “Fim ao Fóssil: Ocupa”, indicou que é objetivo destes ativistas passar a noite na entrada da Faculdade de Letras de Lisboa, precisamente o mesmo local onde as colegas se encontravam a protestar quando foram detidas. “É uma manifestação de solidariedade. Aconteça o que acontecer, as nossas colegas não estão sozinhas e apelamos a toda a sociedade que se junte a nós para lutar pelo clima”, disse.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

No local encontram-se, segundo Alice Gato, cerca de cinco polícias.

Na primeira sessão de julgamento, no Tribunal de Pequena Instância Criminal, no Campus de Justiça, Lisboa, os quatro ativistas consideraram que as suas detenções pela PSP no dia 11 de novembro, na Faculdade de Letras de Lisboa, resultaram de uma “decisão arbitrária” da direção daquela universidade.

Na altura, os jovens – conhecidos no meio estudantil por “Ana”, “Nemo”, “Artur” e “Mateus” – alegaram que não estavam a incomodar ninguém com o “protesto pacífico” em defesa do clima, que já durava há dias, quando foram confrontados no dia 11 de novembro com a intervenção da polícia para os retirar daquele espaço até às 22:00 daquela sexta-feira, por ordem escrita do diretor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Miguel Tamen.

“Não fazia sentido sairmos do nosso espaço sem estarem satisfeitas as nossas reivindicações”, declarou na altura uma das jovens, destacando que o importante neste julgamento é “saber se é legítimo” a direção da Faculdade de Letras chamar a polícia para “retirar estudantes que estão a fazer um protesto pacífico”.

Na segunda semana de novembro deste ano, seis escolas secundárias e faculdades em Lisboa foram ocupadas por grupos de estudantes que protestavam pelo fim da exploração dos combustíveis fósseis até 2023.