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Moreira de Cónegos, o local da invenção do conceito da derrota moral (a crónica do Moreirense-Benfica)

Este artigo tem mais de 1 ano

Benfica continua sem perder — mas, em Moreira de Cónegos, a sensação foi de derrota. Os encarnados empataram com o Moreirense (1-1) e estão fora da Taça da Liga, na primeira desilusão da época.

Os encarnados começaram a perder e empataram ainda durante a primeira parte
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Os encarnados começaram a perder e empataram ainda durante a primeira parte

LUSA

Os encarnados começaram a perder e empataram ainda durante a primeira parte

LUSA

As três palavras, colocadas em conjunto e de forma concordante, até soam distantes: o Benfica perdeu. O Benfica, que ainda não tinha perdido qualquer jogo na atual temporada e desde que Roger Schmidt assumiu o comando técnico da equipa, perdeu no passado domingo um particular com o Sevilha. É certo que não foi um encontro oficial, é certo que faltavam os internacionais que ainda estavam e estão no Qatar, é certo que não existiram quaisquer consequências – mas, pela primeira vez em 2022/23, o Benfica conheceu outro resultado que não uma vitória ou um empate.

Em termos desportivos, a derrota não significou nada. Em termos psicológicos, a derrota poderá sempre provocar ondas de choque. E este sábado, menos de uma semana depois do primeiro desaire da época, o Benfica tinha um teste de dificuldade relativa para dar uma resposta: a última jornada da fase de grupos da Taça da Liga, contra o Moreirense, onde era obrigatório vencer para garantir o apuramento para os quartos de final da competição onde já estavam FC Porto, Sporting e Sp. Braga.

Ficha de jogo

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Moreirense-Benfica, 1-1

Fase de grupos da Taça da Liga

Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas, em Moreira de Cónegos

Árbitro: Tiago Martins (AF Lisboa)

Moreirense: Pasinato, David Bruno, Hugo Gomes, Rafael Santos, Frimpong, Mané (Walterson, 53′), Ofori, Franco (Fábio Pacheco, 71′), Camacho (Pedro Amador, 85′), André Luís (Platiny, 85′), Alan (Aparício, 71′)

Suplentes não utilizados: Kewin, Madson Monteiro, Lucas Freitas, Steven Petkov

Treinador: Paulo Alves

Benfica: Vlachodimos, Alexander Bah (Gilberto, 85′), António Silva, Morato, Grimaldo, Florentino, Fredrik Aursnes, Chiquinho (Musa, 77′), Rafa, Draxler (Diogo Gonçalves, 82′), Gonçalo Ramos (Henrique Araújo, 82′)

Suplentes não utilizados: Helton Leite, Gilberto, Lucas Veríssimo, John Brooks, Paulo Bernardo, João Neves

Treinador: Roger Schmidt

Golos: André Luís (gp, 25′), Gonçalo Ramos (43′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Chiquinho (33′), a Hugo Gomes (39′), a Franco (45+2′), a Mané (48′), a Fábio Pacheco (85′)

“É uma final da fase de grupos. A maior parte das equipas ganhou dois jogos. Vamos jogar fora de casa, contra o primeiro colocado da Segunda Liga, que tem qualidade para a Primeira. É um teste difícil mas temos de vencer para passar à fase final da Taça da Liga, que é uma das competições que vamos tentar vencer. Temos de ter uma boa atitude e desempenho. Alguns jogadores estão de regresso. Vamos fazer o nosso jogo e temos de ganhar”, explicou Roger Schmidt, que já contava com os internacionais Alexander Bah, António Silva, Gonçalo Ramos e João Mário, todos regressados do Mundial do Qatar, e só não tinha os finalistas Otamendi e Enzo Fernández.

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Assim, neste contexto, o treinador alemão não esperava mais e lançava precisamente António Silva, Bah e Ramos no onze inicial, apostando em Morato para fazer dupla com o central português e colocando Chiquinho ao lado de Florentino no meio-campo e Aursnes, Draxler e Rafa no ataque. Neres, que saiu lesionado do encontro com o Sevilha, e João Mário, que voltou do Mundial com uma pequena lesão, não estavam na ficha de jogo. Do outro lado, o Moreirense de Paulo Alves só tinha de empatar: as duas equipas estavam igualadas na liderança do grupo com seis pontos mas o conjunto da Segunda Liga tinha mais um golo, ou seja, o Benfica estava mesmo obrigado a ganhar para seguir em frente.

Em Moreira de Cónegos, a primeira parte foi bem disputada e teve um ritmo intenso, com as duas equipas a demonstrarem não só qualidade e capacidade como vontade de vencer para seguir em frente numa competição que é cada vez menos o patinho feio da realidade nacional. António Silva e Gonçalo Ramos tiveram as primeiras oportunidades do jogo, com o central a cabecear por cima (6′) e o avançado a atirar de fora de área para uma enorme defesa de Pasinato (9′), e o Benfica ia assumindo um ascendente natural que lhe permitia jogar quase por inteiro no meio-campo adversário.

O Moreirense começou a soltar-se a partir o quarto de hora inicial, espaçando as linhas que até aí estavam muito compactas e estendendo-se no relvado. André Luís deu a primeira ideia de que a equipa da casa queria discutir o resultado, com um pontapé que passou muito por cima (14′) mas que finalizou um bom lance de ataque, e Camacho protagonizou a melhor oportunidade até então com um remate forte que acertou em cheio na trave da baliza de Vlachodimos (20′). Pelo meio, Gonçalo Ramos marcou mas a jogada foi anulada por um fora de jogo anterior de Aursnes.

Foi nesta fase, à passagem dos primeiros 20 minutos, que o Moreirense abriu o marcador. Florentino tocou com a mão na bola no interior da grande área encarnada, Tiago Martins assinalou grande penalidade e André Luís, na conversão, não falhou (25′). Os cónegos colocavam-se a vencer ainda na primeira parte e dificultavam ainda mais a tarefa do Benfica, que tinha agora de dar a volta ao resultado para garantir a qualificação. O conjunto de Paulo Alves ainda tentou capitalizar o ascendente provocado pelo golo, com Frimpong a forçar Vlachodimos a uma defesa atenta (32′), mas a equipa de Roger Schmidt terminou mesmo a primeira parte a pressionar o adversário.

O Benfica atacava com Aursnes pela direita, Rafa no meio e Draxler na esquerda, uma configuração algo atípica principalmente pela presença do norueguês no corredor destro, e acabou por chegar ao empate ainda antes do intervalo. António Silva voltou a ficar perto de marcar de cabeça (35′), Pasinato evitou o golo de Grimaldo com uma enorme defesa que travou um livre direto brilhante do lateral (40′) e foi Gonçalo Ramos, com um desvio ao primeiro poste na sequência de um cruzamento rasteiro de Rafa na direita (43′), que igualou o marcador. Ao intervalo, contudo, o resultado continuava a ser favorável ao Moreirense e o Benfica precisava de voltar a marcar para chegar aos quartos de final.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Moreirense-Benfica:]

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo mas Paulo Alves nem precisou de 10 minutos para trocar Mané, que entretanto tinha visto um cartão amarelo, por Walterson. O Benfica entrou melhor na segunda parte, com Grimaldo a ficar novamente perto do golo com mais um livre direto que passou ligeiramente ao lado (51′), e era cada vez mais claro que os encarnados iriam procurar a vitória atuando por inteiro no meio-campo adversário enquanto que o Moreirense ia cerrar fileiras e juntar setores para proteger o resultado.

A equipa de Moreira de Cónegos defendia de forma muito compacta, com duas linhas muito próximas e secando por completo todo o potencial jogo interior dos encarnados — que se apresentavam muito perdulários, desperdiçando três raras oportunidades de forma consecutiva e prolongando a igualdade. Chiquinho acertou no poste de fora de área (60′), Rafa permitiu a defesa de Pasinato quando estava isolado na cara do guarda-redes (63′) e Gonçalo Ramos, com um pontapé em jeito, atirou à trave (65′). E o Moreirense ia resistindo.

Paulo Alves voltou a mexer para estancar o período de asfixia do Benfica, lançando Aparício e Fábio Pacheco, e Camacho voltou a protagonizar um lance perigoso com um pontapé ao lado (72′) que comprovava a reconquista do equilíbrio por parte do Moreirense. André Luís ficou perto de bisar com um remate ao poste na sequência de um contra-ataque (76′) e Roger Schmidt fez a primeira alteração nesta fase ao trocar Chiquinho por Musa, recuando Aursnes para o centro do meio-campo.

O treinador alemão ainda lançou Henrique Araújo, Diogo Gonçalves e Gilberto, Pasinato prolongou uma exibição brilhante que lhe permitiu defender tudo e o resultado já não se alterou: o Benfica empatou com o Moreirense e está fora da Taça da Liga, falhando o apuramento para os quartos de final devido à diferença de golos e permitindo a qualificação dos cónegos, que vai defrontar o Arouca na próxima fase. Este sábado, em Moreira de Cónegos, os encarnados pegaram no conceito de vitória moral e inventaram a ideia de derrota moral — não houve desaire mas a sensação é precisamente essa.

 
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