Se foi ao supermercado nas últimas semanas talvez se tenha deparado com algumas prateleiras para ovos vazias. Mas segundo dois responsáveis do setor ao Observador não há motivo para alarme: os stocks podem demorar mais tempo a ser repostos, devido ao aumento dos preços dos cereais e, sobretudo, da gripe aviária na Europa, mas não haverá falta de ovos para o Natal, asseguram.

Alfredo Martins, diretor-geral da Zêzerovo, diz ao Observador que a produção da empresa se mantém praticamente igual à do ano passado — o que mudou foi a capacidade de acumular stock. “Nos meses de verão, julho e agosto, por norma o consumo caía e fazíamos algum stock, que ajudava no Natal quando a procura aumenta”, refere. Mas este ano, a gripe das aves nalguns países europeus e o agravamento dos preços dos cereais que alimentam os animais levou a uma redução da produção. E isso afetou os stocks. “Hoje trabalhamos com o ovo do dia, fresquinho”, afirma.

Portugal, diz o responsável, não tem casos de gripe das aves na produção de ovos. Mas “por arrasto” os efeitos chegam a Portugal “quando há necessidade de comprar ovos ou por falta de alguma classe”. “Hoje temos de contar com a produção nacional de ovos.”

Mas isso significa que vão faltar ovos nas prateleiras? O responsável diz que não. O que pode acontecer é os stocks demorarem mais um pouco a ser repostos. “Se calhar o nível de segurança antes era quatro dias e agora são dois ou um dia. No nosso caso, face ao que é expectável nesta altura do ano, a resposta não é tão eficaz”. Mas: “Não vão faltar ovos, vai haver ovos. Não vamos encontrar prateleiras vazias”, assegura.

Também Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), frisa que “não há problema nenhum de abastecimento” de ovos. O responsável admite que nalguns casos possa existir alguma “rutura”, mas diz que é temporária e normal nesta altura do ano, por causa do aumento da procura à boleia do Natal.

“É normal numa ou noutra loja a reposição estar mais lenta de um ou outro produto. Não há rutura de stock, o que tem havido é uma maior procura, natural nesta altura do ano. Houve aqui e ali algum atraso na reposição”, avança. A gripe aviária coloca uma “maior pressão”, mas ainda assim Lobo Xavier refere que “não há nenhum sinal de alarme”.

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