Uma mensagem começou a ser partilhada esta terça-feira, quer no WhatsApp quer através de redes sociais como o Instagram, com a denúncia de que, no último fim de semana, uma cliente da discoteca Lust, em Lisboa, teria sido “picada com uma seringa” quando se encontrava naquele espaço de diversão noturna. A PSP confirma que recebeu uma queixa nos mesmos contornos da situação relatada na mensagem e está a investigar o caso.

Ao Observador, fonte oficial do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP confirmou que foi recebida uma queixa por uma picada com seringa num espaço de diversão noturna e que esta mesma denúncia está agora a ser investigada para determinar a sua veracidade.

A mensagem partilhada nas redes sociais relatava o seguinte episódio:

Quinta à noite a minha irmã foi picada com uma seringa no Lust. Felizmente ela não tinha bebido, percebeu logo o que aconteceu e levaram-na às urgências. Nas análises que fizeram, encontraram grandes doses de tranquilizantes e anti-depressivos. Ela ainda está a espera dos resultados de possíveis infecções (como sida). Ontem à noite outra amiga dela foi picada no Lust. O Lust não quer fazer nada nem ajudou a minha irmã quando isto aconteceu. Reportamos à polícia, mas eles também dizem que não conseguem fazer nada.”

Para já, e uma vez que ainda está em fase de análise, a PSP não revela quando, nem em que discoteca, a pessoa que apresentou queixa terá sido picada.

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Contactada pelo Observador, fonte da discoteca Lust negou qualquer relação entre este caso e o espaço de diversão noturna: “Não temos informação de nada.” E, em comunicado, a discoteca adiantou esta terça-feira à noite que — apesar de a denúncia nas redes sociais acusar os responsáveis daquele espaço de “não quererem fazer nada”, depois de serem alertados para o caso — não foi contactada “por ninguém, seja eventual vítima ou autoridade, de forma a alertar para a sua existência e permitindo ao Lust in Rio poder prestar eventual auxílio à vítima, colaborar com as autoridades e aconselhar-se com as mesmas quanto a medidas a tomar”.

“Resta apelar à comunicação imediata deste tipo de casos ao espaço, seja o Lust in Rio ou outro, e às devidas entidades competentes”, acrescentou a discoteca em comunicado.

Casos investigados noutros países

Em Espanha, casos semelhantes começaram por ser denunciados na região da Catalunha, em meados de julho deste ano. Depois, já em agosto, apareceram mais registos noutros pontos do território espanhol e dezenas de queixas de picadas com seringas em bares e discotecas começaram a ser investigadas pela polícia espanhola. Em nenhuma das queixas, segunda a imprensa espanhola, constavam agressões sexuais. De acordo com o El País, estas picadas não deixavam, no entanto, rastos de substâncias tóxicas no sangue.

Primeiro suspeito de picada com seringa identificado pela polícia em Espanha

E a 9 de agosto, a polícia catalã anunciou a detenção de um alegado autor de uma agressão com seringa, sendo esta a primeira detenção desde que os casos foram tornados públicos. O detido era suspeito de picar uma jovem de 24 anos, quando esta se encontrava com um grupo de amigas numa discoteca. Neste caso, a jovem disse às autoridades que era capaz de identificar o agressor.

Estes casos chegaram a Espanha depois de terem sido detetados também no Reino Unido, Irlanda, França e Bélgica. Aliás, o governo britânico anunciou este ano que, entre setembro de 2021 e janeiro de 2022 foram registados mais de 1.300 casos deste género. Este período coincide com a reabertura dos espaços de diversão noturna, que estiveram fechados devido à pandemia.

Já em França, em junho, a Direção-Geral da Polícia Nacional avançou que já tinham sido apresentadas mais de 800 denúncias relacionadas com agressões com seringas em espaços de diversão noturna.