Num duelo de aflitos, o asmático Wolverhampton conseguiu uma pequena bomba para respirar. Os Wolves venceram o Everton por 2-1 em pleno Goodison Park e conquistaram o primeiro triunfo fora de portas esta época. Os golos foram marcados por Yerry Mina, Podence e Aït-Nouri. Os lobos conseguiram a reviravolta já no último suspiro.

A partida jogou-se em circunstâncias especiais. Everton e Wolverhampton são clubes que, normalmente, os apreciadores da Premier League estão habituados a ver na metade de cima da tabela. Os nomes que compõem os dois plantéis indiciavam que, pelo menos, a posição das duas equipas na Liga Inglesa à entrada para o Boxing Day não fosse um 17.º lugar ou um 20.º lugar que os conjuntos, respetivamente, ocupavam. No último posto da tabela, o Wolves via os toffees a quatro pontos de distância e a ocuparem o primeiro lugar acima da linha de água.

Por partirem do fundo, a situação era pior para os lobos que chegavam em desvantagem na luta pela permanência no escalão máximo do futebol inglês. Julen Lopetegui tornou-se desde o início de novembro o responsável por retirar o Wolverhampton do marasmo. “Para mim, o importante é o próximo jogo. É a única forma de construirmos algo bom. Não podemos pensar na tabela agora. Os próximos três pontos são chave para nós e temos que entrar neste jogo como se fosse uma final. Temos que aceitar a situação em que estamos, mas, ao mesmo tempo, tentar mudá-la”, afirmou o ex-Sevilha antes do encontro.

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Sendo a partida com o Everton a estreia do técnico espanhol na Premier League, a tarefa ficava mais difícil para a equipa do lado azul d0 Merseyside. Quem destacou o obstáculo foi o próprio treinador do Everton, Frank Lampard, que assumiu que “sendo este o seu primeiro jogo de Lopetegui na Premier League, torna-os um pouco mais difíceis de analisar, mas é evidente que têm talento em todo o plantel, mas temos de estar focados na nossa luta e na nossa qualidade de jogo”. O inglês disse também que “os Wolves são uma equipa de grande qualidade e Julen é um treinador com uma experiência incrível, tendo conquistado títulos nacionais e europeus ao longo da sua carreira como jogador e treinador”. As poucas pistas que Lampard tinha sobre a nova forma de jogar do Wolverhampton recolheu-as da partida dos lobos frente ao Gillingham, a primeira de Lopetegui no comando técnico da nova equipa, a contar para a Taça da Liga Inglesa.

Ganhar não tem sido hábito para nenhuma das equipas. O Wolverhampton, inclusivamente, ainda não o tinha conseguido fazer fora de casa esta temporada. Para reverter a tendência, a equipa teve no onze cinco portugueses. José Sá, Nélson Semedo, Rúben Neves, João Moutinho e Daniel Podence foram escolhas inicias enquanto que a restante representação lusa, composta por Matheus Nunes, Gonçalo Guedes e Toti Gomes, foi lançada a partir do banco de suplentes. Do lado do Everton, Rúben Vinagre foi suplente no conjunto de Lampard que não contou com Conor Cody por se tratar de um jogador emprestado pelo adversário. O Wolverhampton ainda não teve disponível Matheus Cunha, o atacante brasileiro que chegou ao Molineux vindo do Atlético de Madrid a título de empréstimo com opção de compra obrigatória fixada no 50 milhões de euros.

Quando a bola começou a rolar no Goodison Park, o Everton mostrou eficácia máxima na primeira oportunidade que teve. Canto na direita batido por Dwight McNeil e Yerry Mina (7′) apareceu sozinho para cabecear a contar. O responsável pela marcação ao central colombiano, Hugo Bueno, ficou caído no relvado e Mina invadiu o espaço aéreo do Wolverhampton que se encontrava sem controlo.

Os Wolves não tardaram a reagir e chegaram ao golo num lances pouco convencional. Podence (22′) marcou à maneira curta um canto à esquerda do ataque, a bola foi ter com Moutinho que serviu o batedor do canto para o empate. Os comandados de Lopetegui tiraram partido da demora do central do Everton, Tarkowski, a subir para a linha dos colegas de defesa e, não o fazendo, colocou em jogo o português.

A partida continuava intensa com lances muitos disputados e até algumas quezílias entre os intervenientes. A cabeça quente dos jogadores levou a alguns erros técnicos que espoletaram situações de perigo junto das balizas. O melhor exemplo foi a perda de bola na primeira fase de construção do defesa dos lobos, Collins, que entregou a bola a Gueye e este, por sua vez, colocou Gordon (34′) na cara do golo. José Sá respondeu com uma boa defesa junto ao chão. A oportunidade do Everton surgiu na sequência de um bom lance ofensivo de Podence que conduziu a equipa até ao último terço do campo, entregou em Hugo Bueno que tirou um cruzamento que encontrou Diego Costa (32′), mas o ponta de lança não conseguiu dar força suficiente à bola.

Num jogo físico, destacou-se, do lado do Everton, Amadou Onana. O médio defensivo esteve muito concentrado nas coberturas de modo a conseguir evitar transições ofensivas do adversário. Do lado dos Wolves, fugindo à dimensão de confronto que a partida ia assumindo, Podence, sobre a esquerda do ataque, e Moutinho, nas costas do ponta de lança, foram os nomes que mais se evidenciaram.

Não abundaram oportunidades na segunda parte. Alguns jogadores como Iwobi, Gray ou Rúben Neves aproveitavam para testar a mira de longe, mas sem sucesso. Quando o resultado parecia que não se ia alterar, não por falta de vontade dos dois lados, mas por manifesta ausência de discernimento, eis que Matheus Nunes deu início a um final de jogo repleto de felicidade os lobos. O médio arrancou em contra-ataque, libertou na direita para Adama Traoré, o espanhol cruzou e, com alguma sorte, Rayan Aït-Nouri (90+5′), teve nos pés a chance de dar os três pontos à equipa e assim o fez.

Depois de cinco jogos sem vencer para a Premier League, o Woverhampton volta aos triunfos, um resultado que os lobos esperam que possa ser o princípio de uma escalada na tabela classificativa. Desta forma, os Wolves ficam apenas a um pontos de ultrapassarem o Everton, sendo que os toffees podem mesmo cair para os lugares de despromoção no final da jornada.