O ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, indicou esta quinta-feira que, no próximo ano, os consumidores portugueses vão pagar menos pela energia do que em 2022. Mas pede aos consumidores que se deixem de “inércia” e comparem preços dos comercializadores de energia para que possam ter “poupanças significativas”.

Numa conferência de imprensa dedicada aos preços da energia para 2023, Duarte Cordeiro disse que se 2022 foi um ano marcado por aumentos “muito significativos” da energia, acima da inflação, que acabaram por puxar a inflação para cima, o que o Governo espera em 2023 “é que os preços da energia fiquem abaixo da inflação”, puxando o indicador para baixo. De forma geral, “os preços da energia vão pesar menos na carteira dos portugueses, vão estar abaixo da inflação e puxar a inflação para baixo”, prevê.

“Todas as nossas estimativas são com base em pressupostos que permitem a perspetiva que em 2023 teremos uma situação melhor do que a de hoje. Basta que a tendência de dezembro se mantenha no início do ano”, acrescentou. Essa redução pode ser de 55% na eletricidade para as famílias e entre 24% e 38% para as empresas.

A tarifa regulada vai subir 1,6%, ou seja, abaixo da inflação prevista pelo Governo e no mercado liberalizado também haverá atualizações. Duarte Cordeiro diz que no caso do mercado do gás, a tarifa regulada está atualmente “substancialmente” abaixo da tarifa do mercado liberalizado, cerca de 65% para os consumidores e 70% no caso dos pequenos negócios. “A tarifa regulada é claramente uma opção que permite uma poupança significativa no que diz respeito a famílias e empresas”, sublinha.

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Já no mercado da eletricidade isso não acontece e é possível encontrar comercializadores no mercado liberalizado com preços inferiores ao regulado. O ministro pede que os consumidores e as empresas ponham de lado “o hábito ou a inércia” e comparem ofertas nos simuladores disponíveis, que lhes pode garantir “poupanças significativas”.

Questionado sobre como pode garantir que os preços em 2023 sejam inferiores, o ministro explicou que o elemento central que permite variar os preços são a produção de energia renovável — a produção de energia hídrica está a aumentar, assim como a solar e eólica. “Aquilo que é a tendência do preço da produção de energia renovável no total de energia elétrica tende a aumentar”, disse.

Sobre o mecanismo ibérico da eletricidade, Duarte Cordeiro reitera que há vontade tanto de Portugal como de Espanha para que seja prolongado além de maio, mas diz que ainda haverá negociações entre ambos os governos para concertar posições de forma a apresentar uma proposta conjunta a Bruxelas. O mecanismo gerou, em 2022, benefícios para os consumidores em torno de “17%, 18% em termos líquidos”.

Fim da suspensão da atualização da taxa de carbono será gradual

O Governo vai acabar de forma progressiva com a suspensão da atualização da taxa de carbono. Questionado sobre se o Governo iria adotar uma medida idêntica à Espanha, de pôr fim ao apoio de 20 cêntimos por litro nos combustíveis, Duarte Cordeiro respondeu que o Executivo português não vai por esse caminho e no caso do carbono a sua introdução será gradual. “Estamos a trabalhar para uma solução gradual de progressiva redução da isenção do pagamento da taxa de carbono. Não vai ser nos mesmos termos [de Espanha]”, disse.

A suspensão da atualização da taxa de carbono era uma das medidas em vigor para conter os preços dos combustíveis, em vigor até ao final do ano. A solução para o fim progressivo da isenção da taxa está a ser trabalhada com o Ministério das Finanças.