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O teatro italiano Arcimboldi, em Milão, cancelou um espetáculo protagonizado pelo bailarino russo Sergei Polunin, na sequência de protestos contra a sua atuação.

A decisão de cancelar o ballet “Rasputin – Dance Drama” foi tomada após semanas de controvérsia quanto à participação de Polunin, devido às suas posições políticas e conhecida admiração pelo Presidente russo.

O proeminente artista, nascido na região ucraniana de Kherson, adquiriu cidadania russa em 2018. Nesse ano decidiu fazer três tatuagens do rosto de Vladimir Putin, duas nos ombros e uma no peito, como é possível observar em alguns dos vídeos que publica nas redes sociais.

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Um porta-voz do Arcimboldi disse à Reuters que o teatro foi sujeito a uma campanha por email e a inúmeras mensagens negativas online contra o espetáculo.

“O cancelamento foi necessário, em acordo com a companhia, devido à pressão social e mobilização online das últimas semanas contra a atuação do artista”, justificou o teatro italiano através de um comunicado na sua página.

A gestão do Arcimboldi garantiu que a decisão foi tomada em acordo com a companhia de artistas, sublinhando que não se trata de uma decisão da esfera cultural, mas de “responsabilidade social“. “Num clima de tensão e de ameaças consideramos difícil sustentar as nossas escolhas artísticas, cujos valores de pacifismo e tolerância são inerentes à própria propagação do teatro”, referem.

O teatro disse ainda que está firmemente contra a guerra na Ucrânia, notando que chegou a organizar uma gala de dança pela paz em abril deste ano.

Inicialmente anunciado para dezembro de 2019, o espetáculo foi remarcado para 28 e 29 de janeiro, depois de ser adiado cinco vezes consecutivas perante as restrições implementadas durante a pandemia de Covid-19 e devido à lesão de um dos artistas.

Polunin é um dos grandes nomes do mundo da dança e, segundo a Reuters, chegou a pertencer à companhia Royal Ballet, em Londres.

Por agora o bailarino ainda não reagiu ao cancelamento do espetáculo, mas em setembro disse ter sido censurado por uma atuação durante uma digressão no Uzbequistão, uma antiga república soviética.

Na altura, o artista disse que a Fundação de Desenvolvimento da Arte e Cultura do Uzbequistão – uma agência estatal que supervisiona as artes – o repreendeu rudemente pela sua atuação.

Durante o espetáculo, Polunin usou um uniforme militar com um intuito de homenagear os soldados que morreram na guerra, o que as autoridades do Uzbequistão disseram ter sido um desvio do programa previamente acordado.

“Não podemos ceder”, bailarino russo diz ter sido censurado por atuação em honra dos soldados russos que morreram