Depois da notícia do Nascer do Sol que deu conta de que a mulher do líder parlamentar, Rodrigo Saraiva, é funcionária da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo e Carlos Guimarães Pinto, presidente demissionário e ex-presidente da Iniciativa Liberal, saem em defesa de Mónica Coelho e lamentam que o clima de eleições internas tenha “colocado em causa” o “empenho” da assessora do partido, que tem como uma das grandes bandeiras o combate ao nepotismo.

Num comunicado enviado aos membros da IL, ao qual o Observador teve acesso, os dois liberais unem-se para justificar a contratação de Mónica Coelho por ter sido uma das “pessoas essenciais ao crescimento do partido” e por recusarem que tenha sido beneficiada pela relação com o líder parlamentar, Rodrigo Saraiva, tendo em conta que é uma das fundadoras do partido e que já colaborava com a Iniciativa Liberal desde 2017 — primeiro pro bono e depois através de prestação de serviços.

“Numa altura em que o acesso à imprensa era difícil e indispensável ao seu crescimento, a Mónica [Coelho] fez a assessoria de imprensa como voluntária, nas duas campanhas de 2019, sem remuneração, mas com a mesma dedicação de uma profissional remunerada. Foi uma pessoa essencial no percurso que levou à eleição do primeiro deputado da Iniciativa Liberal e consequente crescimento do projeto político liberal no país”, explicam.

Depois dessa ajuda pro bono de 2017 a 2019, a IL considerou um “erro tremendo” que se abdicasse “de alguém que ganhou uma enorme experiência e conhecimento naquela função e com competência demonstrada” e decidiu manter Mónica Coelho a trabalhar para o partido. Segundo o comunicado, a decisão foi tomada “apesar da relutância inicial” da assessora e de Rodrigo Saraiva.

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Mónica Coelho passou a ser “remunerada através de recibos verdes e depois através de uma empresa que não tinha a Iniciativa Liberal como único cliente”, ainda no mandato de Carlos Guimarães Pinto. Depois das eleições de 2022, já com João Cotrim Figueiredo a presidente, quando a IL conquistou oito deputados (Rodrigo Saraiva é um deles e foi escolhido para líder parlamentar) e aumentou significativamente a subvenção, “Mónica Coelho foi contratada a tempo inteiro com contrato a termo até ao final do mandato da atual Comissão Executiva”.

Na altura, o Observador noticiou que a Iniciativa Liberal pretendia duplicar o número de funcionários. Ricardo Pais Oliveira, vice-presidente, revelava que o partido tinha “cinco ou seis funcionários” e que estava “previsto ir para 10 ou 11”, com o intuito de ser dado “apoio à estrutura que já existia”. Mónica Coelho foi uma dessas contratações.

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No comunicado de dois dos presidentes do partido é sublinhado que o “percurso de crescimento fulgurante da Iniciativa Liberal teve um contributo determinante do trabalho e empenho de Mónica Coelho, que não merecia ser colocado em causa a propósito de umas eleições internas” — sugerem assim que a informação foi utilizada para benefícios na corrida eleitoral à liderança IL, que tem sido marcada por ataques e acusações entre as várias candidaturas à sucessão de Cotrim Figueiredo.

Rodrigo Saraiva e Mónica Coelho são ambos fundadores da Iniciativa Liberal e estão ambos ligados ao partido desde essa altura. Tanto o líder parlamentar como a assessora já por várias vezes fizeram parte de Comissões Executivas, sem se sentarem à mesma mesa da direção.

A assessora liberal fez parte das equipas da Mesa do Conselho Nacional durante as lideranças de Miguel Ferreira da Silva e Carlos Guimarães Pinto, enquanto Rodrigo Saraiva era um dos membros da direção. Mónica Coelho chegou ainda a ser vice-presidente da equipa de João Cotrim Figueiredo numa altura em que Rodrigo Saraiva não tinha assento no principal órgão do partido, para o qual voltou na atual Comissão Executiva, como vogal. E independentemente do resultado destas eleições internas, nem Rodrigo Saraiva nem Mónica Coelho farão parte da direção do partido liberal.

O Nascer do Sol noticiou que a mulher de Rodrigo Saraiva é uma das funcionárias da Iniciativa Liberal e que foi o líder parlamentar que contratou Mónica Coelho através de uma empresa criada para o efeito e que, segundo o jornal, “foi fundada assim que o partido teve financiamento público”. O partido assegurou que o deputado não tinha “qualquer pelouro atribuído, tal como todas as pessoas da Comissão Executiva que exerciam ou exercem funções na Assembleia da República, nomeadamente como deputados, pelo que nunca contratou a cônjuge”.