Não é habitual para a Apple ter lançamentos de produtos em janeiro mas, em 2023, a tecnológica decidiu surpreender. Sem direito a um evento em direto mas ainda assim com uma apresentação gravada disponível no quartel-general da Califórnia para ver no YouTube, a empresa de Tim Cook revelou novas versões do seu próprio processador, mais membros na linha MacBook Pro e um novo Mac Mini.
Comecemos pelos processadores. A família M2 tem agora dois novos elementos: o M2 Pro e o M2 Max. O M2 Pro, o primeiro a ser revelado, usa como base a arquitetura do M2, anunciado no verão de 2022, e conta com 40 mil milhões de transístores – em comparação com o M1 Pro, deverá ser quase 20% mais rápido. A Apple partilhou alguns exemplos mais concretos da capacidade deste M2 Pro: no processamento de imagem recorrendo ao Photoshop, que habitualmente é uma tarefa pesada para qualquer computador, o M2 Pro é 40% mais rápido do que o M1 Pro e 80% mais do que um processador Core i9 feito pela Intel. A outra novidade, o M2 Max, tem 67 mil milhões de transístores, mais 10 mil milhões em comparação com o antecessor M1 Max.
O primeiro equipamento a ser apresentado com o processador M2 Pro é “algo inesperado”, admitia Tim Millet, o vice-presidente da Apple responsável pela arquitetura de equipamentos. O Mac Mini, o pequeno computador da empresa vai estar disponível em duas versões: uma com processador M2 e outra com o M2 Pro. A tecnológica norte-americana argumenta que o Mac mini renovado, que conta com o processador M2 vai ser “cinco vezes mais rápido que o desktop Windows mais vendido”. Em comparação com o Mac mini disponível até agora, que depende de um processador Intel, a empresa anuncia que deverá ser 14 vezes mais rápido.
Os Mac mini estão disponíveis para pré-venda a partir desta terça-feira, mas só chegam ao mercado a 24 de janeiro. Em Portugal os preços são significativamente mais elevados do que no anúncio de 599 dólares da Apple para os Estados Unidos: o Mac Mini com processador M2, 8GB de RAM e 256 GB de armazenamento SSD arranca nos 729 euros enquanto o computador com 8 GB de RAM e 512 GB de SSD aumenta para 959 euros. A novidade com o M2 Pro, 16 GB de RAM e 512 GB de SSD custa 1.579 euros.
MacBook Pro mais barato arranca nos 2.500 euros
Os processadores M2 Pro e M2 Max também vão chegar aos MacBook Pro, os portáteis da marca mais virados para trabalhos exigentes a nível de processamento. Visualmente, estes novos portáteis são praticamente iguais aos equipamentos que já estavam no mercado – as diferenças estão no interior.
Além do processador, o MacBook Pro tem agora compatibilidade com Wi-Fi 6E, permitindo uma ligação mais rápida e menor latência, que promete ser duas vezes mais rápido do que na geração anterior e tem “HDMI avançado”, o que possibilitará a compatibilidade com monitores 8K. Há também mudanças na autonomia estimada da bateria – a empresa promete o “tempo de vida de bateria mais longa de sempre num Mac”, com até 22 horas. Claro que a duração de uma carga é uma estimativa e dependerá do tipo de tarefa que estiver a ser feita no computador.
Ter a designação Pro já é suficiente para fazer com que estes MacBook sejam mais dispendiosos. Estes portáteis já estão disponíveis para encomenda, mas também só chegam ao mercado a 24 de janeiro. Há dois tamanhos de ecrã disponíveis, 14 ou 16 polegadas (mantém-se também a linha de MacBook Pro de 13 polegadas, mas sem processador atualizado). Com 14 polegadas, há três versões à escolha: com M2 Pro, 16 GB de RAM e 512 de armazenamento SSD custará 2.499 euros; com M2 Pro, mas com 16 GB de RAM e 1 TB de SSD por 3.099 euros e uma versão ainda mais cara, com 32 GB de memória e 1 TB de SSD que custará 3.799 euros.
Só na versão com 16 polegadas é que existe uma configuração com M2 Max – de longe a mais cara de toda a nova gama, a custar 4.249 euros em troca de um portátil com 32 GB de RAM e 1 TB de armazenamento SSD. Há mais duas configurações possíveis, ambas com o processador M2 Pro: uma tem 16 GB de RAM e 512 GB de armazenamento SSD, por 3.099 euros, e outra com 16 GB de RAM e 1 TB de SSD por 3.329 euros.
Anúncio é “estratégia clara” da Apple para levar clientes a renovar máquinas
O analista Ben Wood, da consultora CCS Insight, destaca que o anúncio da Apple tem uma “estratégia clara de persuadir clientes existentes de Mac com equipamentos mais antigos com Intel a fazer o upgrade para novas máquinas”. Os números de desempenho partilhados pela Apple “são apelativos”, reconhece este analista, que antecipa que “a natureza mais acessível do Mac mini em particular vai atrair quem esteja a ponderar uma atualização”. Ainda no Mac mini, o analista britânico realça a lógica modular deste equipamento, também uma alteração na lógica da Apple.
Em relação aos novos processadores, Ben Wood refere que o anúncio sublinha a “importância do profundo investimento” da Apple nestes componentes e “demonstra quão central é esta abordagem da empresa” no mundo dos computadores.
A aposta neste segmento mais profissional, com novas opções de processadores, poderá trazer mais consumidores à Apple, acredita Ben Wood, especialmente dada a popularidade de outros produtos da marca, como o iPhone. “Os consumidores que sempre estiveram mais inclinados para um equipamento com sistema Windows estão agora a considerar um MacBook dada a sua familiaridade com software da Apple e as sinergias de ter um leque de produtos do mesmo ecossistema.” “Isto é sem dúvida um desenvolvimento preocupante para os fabricantes de PC, particularmente quando estão a negociar um ambiente macroeconómico desfavorável”, acredita.
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