A economia portuguesa poderá ter tido uma contração (em base trimestral) nos últimos três meses do ano passado, admite o NECEP – Forecasting Lab, um organismo da Universidade Católica. “Os dados são algo contraditórios” mas a “melhor estimativa” dos economistas liderados por João Borges de Assunção é que possa ter havido uma descida de 0,5% da produção económica no quarto trimestre. Para 2023, a incerteza é grande e o NECEP admite um crescimento que pode ir de um valor negativo (-1%) até um valor positivo (2%).

Começando por ressalvar que “no quarto trimestre de 2022, a economia portuguesa poderá ter operado em torno de 101,9% do nível pré pandemia (em comparação com o quarto trimestre de 2019)”, o Forecasting Lab da Universidade Católica afirma que, mesmo com o possível crescimento negativo no quarto trimestre, no conjunto do ano de 2022 a economia terá crescido 6,5% no ano passado.

Para cumprir os 6,8% de crescimento anual da economia previstos pelo Governo, teria de ter havido um aumento de 0,4% no Produto Interno Bruto (PIB) no último trimestre – o que não é aquilo em que acredita o NECEP. O organismo aposta numa quebra de 0,5% que, se se confirmar e for seguida por um primeiro trimestre negativo, poderá significar que a economia portuguesa está em recessão técnica (um cenário afastado por Fernando Medina, o ministro das Finanças).

Recessão. Economia mundial (e portuguesa) vai cair numa “banana” em 2023?

Olhando para 2023, os especialistas antecipam um “desempenho frágil” da economia neste ano. A expectativa é de “um intervalo de previsão que vai de uma contração de 1% até uma expansão de 2%”, ou seja, um ponto-médio de 0,5%. Esse ponto-médio da previsão da Católica contrasta com o crescimento de 1,5% que o Banco de Portugal prevê para este ano.

“O investimento apresenta uma dinâmica fraca – deverá ter avançado apenas 2,1% em 2022 – apesar do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)”, salienta o NECEP. “Outros fatores a observar são a evolução da inflação e das taxas de juro, bem como os limites ao crescimento do turismo”, acrescentam os economistas, notando também que “o consumo privado poderá ressentir-se em função da redução real do rendimento disponível, que poderá ser parcialmente mitigado pela redução da poupança”.

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