Mais de 200 encontros oficiais entre Serie A, Taça e Supertaça de Itália e até Champions, uma imagem que ficará como um retrato icónico do dérbi de Milão onde Marco Materazzi e Rui Costa olham parados em pleno meio-campo para uma bancada com dezenas e dezenas de tochas vermelhas acesas que motivaram mesmo a interrupção momentânea do jogo. Agora, com a decisão de mais um troféu entre ambos a deslocar-se até à cidade saudita de Riade, esse era um dos poucos pontos que por certo não aconteceria; em tudo o resto, o jogo entre AC Milan e Inter poderia ter um pouco de tudo. E com um português como protagonista de mais uma final dentro de campo depois de visitar outro português que tem sido protagonista fora dele.

Rafael tornou-se mesmo um Leão a bater todos os recordes: português faz três assistências no jogo decisivo e dá título ao AC Milan

No dia em que aterrou na Arábia Saudita, e à semelhança do que já tinha acontecido com William Carvalho quando disputou a Supertaça de Espanha (derrota do Betis na meia-final com o Barcelona), Rafael Leão teve oportunidade de encontrar-se com Cristiano Ronaldo, reforço do Al Nassr que tem a estreia (ainda que não oficial) marcada para esta quinta-feira, naquela que foi a reunião entre os dois melhores portugueses na última eleição da Bola de Ouro. Agora, o avançado rossoneri procurava melhor sorte do que o médio da formação de Sevilha, visando o segundo troféu em Itália após a conquista da Serie A em 2021/22.

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Apesar do período menos conseguido do AC Milan, que chegava a esta final da Supertaça com dois empates consecutivos no Campeonato tendo pelo meio uma eliminação inesperada da Taça de Itália com o Torino, o português mantinha-se como unidade em foco no conjunto de Stefano Pioli, estando bem encaminhado nesta fase da temporada para almejar os números alcançados na derradeira época, por sinal os melhores de sempre na carreira (14 golos e 12 assistências em 42 encontros): em 24 partidas oficiais antes e depois do Mundial, Leão contava com nove golos e sete assistências, tendo influência direta nos últimos quatro jogos da Serie A numa fase em que continua também a ser um dos nomes mais falados no mercado.

Mais uma vez, dentro de uma exibição que deixou muito a desejar sobretudo na primeira parte, Rafael Leão voltou a ser protagonista sem efeitos práticos e o AC Milan não mais conseguiu recuperar de uma entrada falhada, perdendo para o rival Inter no regresso à final da Supertaça também em Riade (a última vez tinha cedido perante a Juventus com golo de… Ronaldo). Já os nerazzurri, num momento crescente da temporada quando se avizinha o encontro com o FC Porto a contar para os oitavos da Liga dos Campeões, voltaram a ganhar o troféu e igualaram o adversário de Milão no número de conquistas (sete) só atrás da Juventus (nove). Pioli pode falar dos 50 dias de paragem mas os problemas da equipa vão muito além disso…

Para quem esperava um dérbi mais fechado, bastaram pouco mais de 20 minutos para se perceber que a final seria tudo menos isso: Dimarco inaugurou o marcador numa grande saída rápida que teve Barella a cair na direita para ir buscar a profundidade e assistir o ala do lado contrário para o primeiro golo (10′), Rafael Leão respondeu depois em mais uma das suas arrancadas pela esquerda onde ganhou espaço mas perdeu ângulo para um remate em arco que Onana desviou para canto (17′), Dzeko aumentou a vantagem num lance em que a defesa rossoneri meteu muita água após passe de Bastoni e Tonali foi passado de forma demasiado fácil para o remate cruzado do bósnio que fez o 2-0 (21′). Era quase como se o Inter desse a bola ao AC Milan de forma mais assumida (63%-37% na posse, 219-110 em passes) para ficar com o espaço… e os golos.

O segundo tempo começou com outra versão da equipa de Pioli, a ameaçar o golo logo a abrir mais uma vez com Rafael Leão a rematar após diagonal da esquerda para o meio a rasar a trave (49′) e depois com um tiro de meia distância de Bennacer que saiu à figura de Onana (56′). No entanto, com linhas mais recuadas de quando em vez, o Inter controlando a reação do rival e fechou mesmo o encontro no último quarto de hora, com Lautaro Martínez a marcar um grande golo em arco numa saída rápida e a comemorar junto à bancada onde estava a maioria dos adeptos nerazzurri à Messi (tirando a sua camisola e levantando-a agarrando com as duas mãos a mostrar o nome e o número) naquela que é a nova terra de… Ronaldo (77′).