A Clever Leaves, empresa norte-americana que produz canabinoides de qualidade farmacêutica, vai abandonar Portugal. A decisão, avançada esta segunda-feira pelo Jornal de Negócios, foi revelada pela empresa em comunicado, e insere-se num plano de reestruturação mais vasto. O fecho da operação em Portugal, que deverá acontecer até ao final do primeiro trimestre de 2023, vai implicar o despedimento dos 63 funcionários da empresa. A Clever Leaves espera um corte de custos na ordem dos sete milhões de euros este ano com o encerramento em Portugal.

Já a saída da operação de Portugal vai custar à empresa entre 19 e 21 milhões de dólares no primeiro trimestre. Uma parte, entre 700 mil e 900 mil dólares, diz respeito a indemnizações e remunerações a funcionários, enquanto 12 a 13 milhões de dólares referem-se a gastos com a retirada e abandono de equipamento e com a saída das propriedades antes do tempo previsto. Estão ainda previstos gastos, de entre seis a sete milhões de dólares, com inventários que não serão vendidos.

A Clever Leaves chegou a Portugal em 2019, tendo instalado na freguesia de São Teotónio, em Odemira, uma área de produção de canábis para fins medicinais. Em dezembro de 2021, a empresa anunciou que ia duplicar a capacidade de produção de canábis em Odemira, passando de 10 mil para 24 mil metros quadrados de estufas de alta tecnologia. Em outubro de 2021, a empresa anunciou a primeira exportação, para os Estados Unidos, de flor seca de canábis, rica em THC, produzida em Odemira. Também estava prevista a expansão para o Parque Empresarial da Península de Setúbal, onde a empresa contava aumentar o espaço de processamento pós-colheita em Portugal, nomeadamente para secagem, corte e embalamento da flor de canábis.

Cleaver Leaves faz primeira exportação de flor seca de canábis produzida em Odemira para os Estados Unidos

“Acreditamos que esta transição vai permitir-nos otimizar a nossa infraestrutura de produção e aumentar as poupanças, o que nos fará competir de forma mais eficaz no mercado global da canábis medicinal”, afirma Andres Fajardo, CEO da Clever Leaves, citado na mesma nota. O responsável diz que a decisão de deixar Portugal foi “extremamente difícil”, mas necessária para os “interesses” da empresa, e manifesta-se “grato” aos trabalhadores que serão afetados pela medida. “Pretendemos incorporar as aprendizagens substanciais que resultaram do nosso trabalho em Portugal para aumentar o sucesso nas nossas operações na Colômbia”, acrescenta.

Assim, a partir de abril, a Clever Leaves vai cultivar e exportar flor seca de canábis apenas a partir das suas estufas da Colômbia, que estão a ser preparadas há 18 meses. O processo de transição já começou, indica a empresa, e as vendas deverão arrancar já este trimestre. Na Colômbia, a empresa tem uma área de produção equivalente a 16,7 hectares. “A empresa acredita que os custos laborais na Colômbia e o clima dão à Clever Leaves uma vantagem competitiva importante”, no que toca à eficiência de custos, apontam. A empresa também espera que a Colômbia acelere as “descobertas genéticas” e seja uma “plataforma de desenvolvimento” para outros produtos.

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