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O Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) continua os trabalhos de “limpeza” nas suas fileiras e deteve esta quinta-feira um tenente-coronel por suspeitas de “alta traição”. As autoridades ucranianas revelam que, desde o início da invasão, o homem recolheu informações para os serviços secretos russos.
O tenente-coronel, cujo nome não foi divulgado, estava integrado numa das unidades do SBU na região de Zaporíjia, um território anexado pela Rússia em setembro, na sequência de referendos considerados ilegais pela comunidade internacional. “Com o início da invasão em larga escala, o indivíduo começou secretamente a recolher dados pessoais sobre os colegas e informação confidencial“, referem as autoridades em comunicado.
O SBU garante estar a trabalhar como uma equipa unida para a vitória da Ucrânia, acrescentando que “a limpeza dos traidores é um passo importante” do processo. “Todos devem compreender: o SBU não é lugar para os agentes do Kremlin ou para aqueles que não acreditam no sucesso da Ucrânia“, sublinhou o líder da organização, Vasyl Maliuk.
Desde o início da invasão russa, a 24 de fevereiro do ano passado, o SBU já fez várias detenções dentro das próprias unidades. Para o major-general Viktor Yahun, que até 2015 foi vice-chefe do Serviço de Segurança, trata-se de um sinal da necessidade de uma limpeza maior no setor.
Em entrevista ao jornal The Guardian, Yahun referiu que o SBU tem há muito tempo um relacionamento excessivamente próximo do homólogo russo, o FSB (antigo KGB). Segundo o major-general, apesar da geração que trabalhou para o serviço secreto russo na era soviética se ter reformado, a prática do SBU significa que alguns dos seus familiares foram integrados na agência. “Cresceram com os mesmos valores dos pais”, aponta.
Estes não são os únicos casos. Há também agentes que foram subornados, outros chantageados e ainda aqueles que se consideram russos.
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Yahun refere ainda que o início da guerra serviu de mote para uma alteração ao funcionamento do SBU, com uma limpeza encabeçada pelo Presidente Volodymyr Zelensky aos rankings ucranianos. Uma das mudanças mais marcantes ocorreu em julho do ano passado, quando o chefe de Estado demitiu Ivan Bakanov, à época o líder do Serviço de Segurança. Mais tarde viria a anunciar a abertura de centenas de investigações criminais por “suspeitas de traição e de atividades de colaboração”, como recorda o Washington Post.
Além dos casos de traição e cooperação com as forças russas, nos últimos dias têm sido noticiados vários casos de corrupção nas estruturas de poder ucranianas. Entre segunda-feira e terça-feira 15 responsáveis demitiram-se ou foram demitidos. Já na quarta-feira mais cinco procuradores e um responsável do exército foram demitidos por ligações a um escândalo de corrupação.