A pouco mais de seis meses da realização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), algumas associações de comerciantes, ouvidas pela agência Lusa, manifestaram uma grande expectativa, mas lamentaram a “descoordenação” e “falta de informação” sobre o evento.

“Está aqui a faltar algum planeamento até para que as pessoas saibam o que têm de fazer. Vemos como muito entusiasmo, mas para se aproveitar isto tem de haver algum trabalho de casa”, afirmou à Lusa o presidente da Associação de Valorização do Chiado, Victor Silva.

O comerciante sublinha que a expectativa dos comerciantes daquela zona histórica de Lisboa relativamente aos impactos da JMJ “é muito grande”, embora admita que ainda “persistam muitas dúvidas” e um desconhecimento dos números.

“De uma maneira geral, os empresários deviam preparar-se. As coisas deviam ser conversadas, mas até agora nada”, lamentou.

Victor Santos aludiu mesmo à polémica em torno da construção do altar-palco no Parque Tejo Trancão, recinto principal da JMJ, para demonstrar a “falta de coordenação” das entidades envolvidas neste evento.

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“Está tudo de costas voltadas. E viu-se que qualquer das partes envolvidas não comunicou com a outra”, argumentou.

No mesmo sentido, também a presidente da União de Associações do Comércio e Serviços (UACS) de Lisboa, Carla Salsinha, criticou a “falta de coordenação com os agentes locais”.

“A União já contactou por duas ou três vezes quem está à frente da organização da Jornada Mundial da Juventude, por parte da Igreja Católica, e até agora não tivemos qualquer resposta”, referiu.

Carla Salsinha admitiu que os comerciantes “estão preocupados com a ‘descoordenação’ manifestada pelos organizadores da JMJ”.

“Não é normal que a Igreja não saiba o valor do custo do palco, quando aquilo tem de estar concertado entre Câmara, Governo e a Igreja”, argumentou.

No entanto, a presidente da UACS ressalva que a expectativa dos comerciantes “é muito grande” e que o cenário que está a ser trabalhado é de “um milhão de pessoas”.

“A nossa expectativa é grande porque estamos a falar de cerca de um milhão de pessoas que estarão durante uma semana na nossa cidade ou na região de Lisboa e Vale do Tejo. Um milhão será uma estimativa realista e em termos de restauração e alojamento é aí que se está a trabalhar”, apontou.

No entanto, desses um milhão de visitantes previstos, Carla Salsinha reduz para metade aqueles que terão maior probabilidade de recorrer ao comércio da cidade de Lisboa.

“Fazendo uma extrapolação de que 50% dessas pessoas vão ficar nos seminários, nas dioceses, nas famílias de acolhimento, temos 500 mil pessoas a circular pela região de Lisboa e Vale do Tejo, sendo que, dessas, a maioria em Lisboa e a consumir na restauração”, argumentou.

A presidente da UACS considera, igualmente, que o evento será potenciador da criação de emprego e que ajudará a captar futuros turistas para a região de Lisboa.

“Se calhar, 50 ou 60% não viria nos próximos anos ou nunca viria tão cedo a Portugal, particularmente a Lisboa. Vão sair daqui promovendo a cidade e muitos regressarão depois como turistas. Portanto, sem dúvida de que o retorno é brutal”, atestou.