Nuno Afonso, fundador e ainda dirigente do Chega, vai sair do partido depois de ter sido afastado paulatinamente de vários cargos e de ter entrado em cisão com André Ventura. Em entrevista ao Observador, no programa Vichyssoise, o militante número dois explica que foram ultrapassadas as “linhas vermelhas” que o obrigam a abandonar.
“Vou sair [do partido], acho que é o culminar lógico de tudo isto”, revelou Nuno Afonso quando confrontado com a ideia de sair do Chega e depois de ter dito que o fará “o mais breve possível”.
E justificou: “Com todas as linhas vermelhas e a postura que o partido tem tido dentro da própria Assembleia da República, com deputados a agredirem deputados do próprio partido, com deputados a encostarem a cabeça a deputados de outros partidos, a ofenderem deputados de outros partidos, supostamente a agredirem militantes do próprio partido… são as linhas vermelhas que acho que qualquer pessoa com bom senso tem de traçar.”
Nuno Afonso recordou o telefonema de “um amigo de longa data”, André Ventura, que pediu “ajuda para fazer um partido novo”. “Na altura disse que queria um partido assente em bases de democracia, liberdade, meritocracia, que defendesse a instituição de família, políticas de certa forma conservadoras, sendo que a democracia e liberdade em primeiro plano”, argumentou.
Nuno Afonso sentiu-se “atraiçoado” ao longo dos últimos anos e explicou que não saiu antes por ter a “esperança” de que a Convenção de Santarém pudesse “salvar o partido e impedir o partido de ir na linha autoritária” — uma ambição que viu destruída por acreditar que houve falta de democracia interna na eleição dos delegados e por considerar que haverá impugnações por situações que considera ilegais.