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Apesar das sanções impostas pelo Ocidente à Rússia, nomeadamente no que toca à exportação para Moscovo de um conjunto de bens que podem ser usados em armamento, como microchips, há milhões destes componentes tecnológicos fabricados nos Países Baixos a chegar à Rússia através de uma rede de intermediários destinada a furar as sanções, revela a emissora pública holandesa NOS.

A notícia publicada na sexta-feira traz detalhes sobre uma realidade que já era parcialmente conhecida: segundo a NOS, foram identificadas três empresas russas, ligadas a empresas de material militar, como destinatárias de centenas de encomendas que tiveram origem nos Países Baixos e seguiram para a Rússia através de pequenas empresas chinesas.

De acordo com a emissora, que teve acesso um grande conjunto de dados sobre o comércio deste tipo de elementos, o reforço das sanções que se verificou nos últimos meses não teve um efeito prático na redução das exportações.

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União Europeia renova por mais seis meses sanções económicas à Rússia

Semicondutores fabricados por grandes empresas holandesas, com destaque para a NXP (de Eindhoven) e a Nexperia (de Nijmegen), têm sido encontrados em armamento russo recuperado dos campos de batalha na Ucrânia, incluindo em drones russos e iranianos usados em grandes ataques mortais lançados pela Rússia contra o território ucraniano.

Questionadas pela NOS, ambas as empresas garantem que cumprem os seus deveres de investigar diligentemente todos os seus clientes para garantir que não violam qualquer dos deveres a que estão obrigados pela União Europeia — e até insistem que estão a ir além da exigência legal. Por isso, essas empresas dizem não saber como tem sido possível que aqueles produtos, de grande valor para o fabrico de armamento moderno, estejam a chegar a mãos russas.

Mas, como disse a Nexperia à emissora holandesa, apesar de a empresa usar software de ponta para “monitorizar” a distribuição — e cancelar de imediato os contratos com qualquer distribuidor que viole as sanções —, a revenda dos semicondutores “nem sempre pode ser controlada ou evitada”.

As sanções europeias estão a ser contornadas, essencialmente, a partir da Ásia, especialmente da China. Segundo a NOS, há pequenas empresas chinesas a adquirir microchips e a vendê-los a empresas russas através de pequenas encomendas por correio. Mas, por outro lado, também há grandes empresas, como a chinesa Sinno Electronics — que não está abrangida pelas sanções europeias nem por qualquer sanção imposta pela China, que não tomou este tipo de medidas contra Moscovo.