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A unidade portuguesa de tanques Leopard-2 está incompleta devido à decisão política de não adquirir os 24 tanques em falta, que chegaram a estar reservados, noticia o jornal Público.

Atualmente, Portugal tem 37 carros de combate Leopard-2, que foram comprados em segunda mão aos Países Baixos por um total de 71 milhões de euros. Todavia, para o país ter uma unidade completa de tanques Leopard-2, eram necessários mais 24 carros, que chegaram a estar reservados aos Países Baixos e que custariam 45,6 milhões de euros — um negócio que nunca chegou a acontecer.

De acordo com a notícia do Público, responsáveis políticos e militares atiram uns para os outros a responsabilidade pela falta de concretização da segunda compra de tanques de fabrico alemão.

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Os Leopard-2 foram comprados por Portugal aos Países Baixos em 2007, numa altura em que aquele país decidiu desfazer-se da sua frota de tanques, deixando de ter veículos próprios e passando a alugá-los à Alemanha. Portugal conseguiu comprar os poderosos tanques — agora em grande destaque devido à decisão alemã de enviar aqueles carros de combate para a Ucrânia — por um preço de 1,9 milhões de euros por unidade, quando um tanque novo custa 5 milhões.

Ouvido pelo Público, o antigo secretário de Estado da Defesa Nacional João Mira Gomes, que assinou o acordo com os Países Baixos para a compra dos tanques em 2007, confirmou que “havia essa oportunidade de adquirir mais carros de combate”, mas salientou que “essas decisões são tomadas no âmbito da lei de programação militar”.

Maioria dos 37 tanques Leopard 2 que Portugal possui estão inoperacionais

“São grandes investimentos e são decisões tomadas de acordo com as prioridades de programas que estão a decorrer, não são decisões pontuais”, disse ainda. “Aliás: a decisão do Governo sobre a aquisição de equipamento militar com a importância dos carros Leopard é tomada com base num parecer que é recebido dos chefes do Estado-Maior, não é uma decisão política. No final, acaba por o ser, mas é assente num parecer militar fundamentado.”

Porém, o general José Luiz Pinto Ramalho, que na altura era o chefe do Estado Maior do Exército e foi ele quem supervisionou a aquisição dos tanques, diz que nunca viu tal parecer.

“Nunca vi esse parecer e, como calcula, não foi certamente do Exército. Se fizemos uma proposta de compra, não íamos fazer um parecer negativo”, disse ao Público. Mais: Pinto Ramalho diz até que os carros estiveram reservados e “preparados para vir para Portugal”, como substitutos dos tanques M60, mais antigos, e garante que isto é “uma falha grave”.

Segundo o mesmo jornal, uma unidade composta apenas por 37 tanques deixa Portugal com uma capacidade operacional “inicial” no que toca ao uso destes carros — só com mais 24 viaturas se chegaria à capacidade “total”.

É oficial. Alemanha autoriza envio de 14 tanques Leopard-2 para a Ucrânia

Além de a unidade estar incompleta, a maioria dos tanques portugueses não estão funcionais, como já tinha noticiado o jornal Expresso esta semana.

De acordo com aquele jornal, de entre os 37 tanques portugueses, cerca de uma dezena não estão a 100%, mas podem ser empregues no campo de batalha. Apenas uma minoria dos carros de combate é que está completamente funcionais.

Esta semana, a Alemanha autorizou o envio de 14 tanques Leopard-2 para a Ucrânia, colocando fim a um impasse criado depois de a Polónia ter dito que ia enviar tanques para o país vizinho, mesmo que a Alemanha — a fabricante — não o autorizasse.

Portugal ainda não decidiu se envia Leopard-2 para a Ucrânia, mas ministra promete decisão para breve

O apoio com tanques Leopard-2 à Ucrânia por parte de vários países aliados fez surgir a dúvida sobre se Portugal também vai enviar estes tanques. Para já, o Governo ainda está a tentar perceber as “possibilidades” de enviar um conjunto de carros de combate — e a ministra da Defesa, Helena Carreiras, já prometeu uma resposta para breve.