O Tribunal Revolucionário do Teerão condenou a dez anos e meio de prisão Amir Mohammad Ahmadi e Astiaj Haguigui, casal de bloggers iranianos de 22 e 21 anos, respetivamente, acusados de “fomentar a corrupção, reunião [ilegal] e conluio com a intenção de perturbar a segurança nacional e difundir propaganda.” Em causa está um vídeo, publicado em outubro nas redes sociais e de apoio aos protestos no Irão, em que o casal surge a dançar na Praça Azadi (significa liberdade, em urdu).

Ela, Astiaj, surge na gravação sem o véu islâmico, ação que tem, desde o início, configurado um dos símbolos da revolta. Outra regra imposta à mulher é a proibição de dançar em público, sobretudo na companhia de um homem, mesmo que este seja seu namorado, como neste caso. De acordo com a ordem do tribunal, Amir e Astiaj estão também impedidos de realizar atividades online e de sair do Irão até dois anos depois de completar a pena de dez anos e meio.

Amir Mohammad Ahmadi e Astiaj Haguigui foram ainda privados do direto a um advogado, tendo o pedido de liberdade com pagamento de fiança sido também rejeitado.

Detidos a 1 de novembro por polícias à paisana, foram espancados e presos na ala 209 da Prisão de Even, em Teerão, cadeia conhecida por albergar presos políticos, estando sob a tutela do Ministério dos Serviços Secretos. De acordo com testemunhos de ex-reclusos, existem câmaras de tortura neste estabelecimento prisional.

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A morte de Mahsa Amini gerou uma onda de protestos pelos direitos das mulheres. “Pode ser o prenúncio de uma nova era no Irão”

Os protestos no Irão começaram em meados de setembro, depois da morte de Mahsa Amini, detida e morta pela autoproclamada polícia da moralidade, por, alegadamente, usar incorretamente o hijab. Desde então, a população saiu à rua, protestando contra a repressão do regime iraniano — várias mulheres tiraram os véus e cortaram os cabelos em demonstrações públicas.

Nos últimos quatro meses, detalha o Iran Wire, ja terão morrido mais de 530 pessoas e detidos mais de 18 mil manifestantes. Vinte pessoas foram condenadas à pena capital — e quatro jovens foram executados.