Mais de mil professores concentraram-se esta quarta-feira em Santarém, no Largo do Seminário, para reafirmarem palavras de ordem que se têm ouvido em todo o país, como “respeito”, “não paramos” ou, ainda, “Costa, escuta, a escola está em luta”.

O secretário-geral do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa (SPGL/Fenprof), José Feliciano Costa, anunciou adesões à greve superiores a 90% no distrito de Santarém, com Tomar a registar uma adesão de 99%, com apenas dois professores a trabalhar em todos os agrupamentos do concelho.

“Os professores estão aqui a demonstrar claramente que querem respeito, querem uma carreira respeitada e querem, acima de tudo, uma negociação séria”, disse.

Feliciano Costa afirmou que, na reunião com o Governo agendada para quinta-feira, os sindicatos vão exigir respeito pela lista graduada, pois não querem conselhos locais de diretores a colocar professores, e, “acima de tudo”, exigem a contagem do tempo de serviço.

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Patrícia Marques, do Agrupamento de Escolas n.º 2 de Abrantes, esteve na manifestação de Santarém com uma cartolina ao peito a exibir o seu tempo de serviço e o lugar que ocupa na carreira, há décadas, sem qualquer progressão.

“Quando entrei para os quadros, em 1996, fui colocada no terceiro escalão. Com o novo estatuto da carreira docente, eu, que já estava no quinto escalão, tive que vir para o terceiro. Foi uma queda assim de repente, sem mais explicação. Entretanto, veio o calvário dos congelamentos e primeiro que chegasse ao quarto escalão foi difícil”, relatou à Lusa.

Salientando que, como ela, há muitos docentes em todo o país, Patrícia Marques lamentou que, apesar da classificação de excelente, continue no quarto escalão, “porque há quotas”. “Portanto, são 27 anos entre o terceiro e o quarto escalão. Isto é chocante”, declarou.

No grupo que veio do concelho de Rio Maior, António Coito, da Associação de Estudantes da Escola Secundária Dr. Augusto César, exibia uma t-shirt em que afirmava ser um aluno que gostaria de ser professor.

“Estamos aqui para apoiar os professores”, disse à Lusa, justificando a sua presença também porque “muitos” como ele querem “seguir a profissão no futuro e às vezes não seguem pela incerteza de uma profissão que é cada vez mais desvalorizada”. “Não percebo porquê, porque a educação é a força motriz da nossa sociedade”, afirmou.

Para o jovem aluno, os serviços mínimos decretados pelo Governo, que esta quarta-feira entraram em vigor, são “um atentado à democracia” e à Constituição, ao querer impedir os professores de fazerem greve “em plenitude”.

Um dos diretores de escola presente na manifestação confessou ter “muitas reservas e muitas dúvidas” sobre os serviços mínimos impostos às escolas, afirmando que aguarda “decisões superiores” sobre esta matéria.