A Coreia do Norte voltou a criticar os exercícios militares dos Estados Unidos na Península da Coreia. Pyongyang deixou ameaças à ação norte-americana na região, avisando que está a ser ultrapassada “a mais extrema linha vermelha”, o que ameaça tornar a península numa “zona de guerra crítica”.

De acordo com a Reuters, que cita um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros norte-coreano difundido pela agência de notícias estatal, o regime liderado por Kim Jong-un sublinhou que não haverá diálogo enquanto Washington continuar a perseguir aquilo que os norte-coreanos entendem ser políticas “hostis”.

“A situação política e militar na Península da Coreia e na região chegou à mais extrema linha vermelha devido às manobras imprudentes de confrontação militar e atos hostis por partes dos EUA e das suas forças vassalas”, diz o comunicado. Pyongyang  alerta ainda para o facto de estar preparada para responder da forma “mais dura” às supostas provocações — incluindo com força nuclear.

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O aviso surge em resposta aos recentes exercícios militares conjuntos entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul, e a uma visita do secretário da Defesa norte-americano Lloyd Austin a Seoul na terça-feira, na qual o responsável comprometeu-se a aumentar o número de exercícios, bem como a fornecer à Coreia do Sul mais “ativos estratégicos”, incluindo porta-aviões e bombardeiros de longo alcance, tentando com isso promover maior segurança e estabilidade na região e contrariar um eventual ataque norte-coreano ao seu vizinho a sul.

“Tal representa um sinal claro do perigoso cenário norte-americano segundo o qual a Península da Coreia será tornada num arsenal de armas e numa zona de guerra crítica”, contra-argumentou Pyongyang, afirmando estar preparada para fazer valer o principio de destruição mútua assegurada, “bomba nuclear por bomba nuclear, e guerra total por guerra total”.

Ao longo das décadas, a Coreia do Norte tem vindo a descrever a ação conjunta dos Estados Unidos e da Coreia do Sul como preparando terreno para uma eventual invasão, ainda que os dois aliados mantenham que os exercícios são meramente defensivos.

Em resposta, o regime de Kim Jong-un tem vindo a escalar tensões na região, conduzindo um número recorde de testes com mísseis no ano passado e reabrindo o seu local de testes nucleares pela primeira vez desde 2017.

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Em dezembro, numa conferência política, Kim Jong-un apontou para um aumento na produção de ogivas nucleares, arsenal nuclear tático tendo como alvo a Coreia do Sul e ainda no desenvolvimento de mísseis de longo alcance capazes de atingir os Estados Unidos.

Especialistas citados pela Al Jazeera acreditam que o plano do regime passa por forçar os Estados Unidos a reconhecer a Coreia do Norte como uma potência nuclear e, com isso, forçar Washington a negociar concessões económicas a uma economia norte-coreana profundamente afetada por sanções internacionais.