Foram 330 milhões de euros só em janeiro, um total de 611 milhões de euros gastos em passes de jogadores a título definitivo, para esta e para a próxima temporada, e por empréstimo. Vários casos de elementos que ao todo assinaram contrato por sete e oito anos e meio. Os resultados que tendem em não aparecer, com o recente empate com o Fulham a deixar a equipa mais longe do objetivo de assegurar vaga na próxima edição da Liga dos Campeões. O Chelsea é cada vez mais um case study por tudo o que tem feito desde que o grupo liderado por Todd Boehly e companhia comprou o clube ao russo Roman Abramovich. No entanto, são também cada vez mais as dúvidas sobre a política seguida pelos novos responsáveis dos londrinos e Gary Neville, antigo internacional inglês do Manchester United e atual comentador, mediu os pratos da balança.

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“Imaginemos que o Mykhailo [Mudryk] se torna num Lionel Messi dentro de quatro anos. O Chelsea vai dizer ‘Temo-lo por mais quatro anos com um salário baixo’. Não quero saber se tem mais quatro anos de contrato ou não, o certo é que o jogador vai espernear, o seu agente vai espernear, ele vai dizer ‘Quero mais dinheiro’. Vão acabar por lhe pagar um salário tipo Messi ou terão um jogador insatisfeito durante mais quatro anos, que se sentirá explorado por ter assinado um contrato de oito anos aos 22″, começou por exemplificar o ex-lateral direito que ganhou duas Champions e oito ligas entre 20 títulos.

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“No futebol, neste país, com jogadores a vir do estrangeiro, não vejo como oito anos e meio de contrato possam ser cumpridos se o jogador evoluir mais do que aquilo que é hoje. E vão todos os treinadores que chegarem ao clube nos próximos oito anos querer o jogador? Será que o jogador vai querer voltar para casa? O futebol, como vemos neste país, não é a liga de futebol americano dos EUA, não vejo benefício nisto. Se assinares um contrato de cinco anos e o jogador render bem ao fim de três, ainda tens mais dois. Mas oito? Não entendo”, prosseguiu Gary Neville, antes de apontar para a questão do fair play financeiro.

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“Não vejo outro benefício que não seja o fair play financeiro, um mecanismo de contabilidade. Ou a roda pode ser reinventada e eles encontraram algo que nunca ninguém descobriu. Podem ser as pessoas mais espertas da sala dentro de dois anos ou as mais estúpidas. Não sei como será, mas será um ou outro, não há meio termo”, concluiu o agora comentador a propósito do investimento feito pelos blues.

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De recordar que o Chelsea fez oito contratações em janeiro, num total de 330 milhões de euros, a saber:

  • Enzo Fernández (22 anos, Benfica): 121 milhões, contrato até junho de 2031
  • Mykhailo Mudryk (22 anos, Shakhtar): 70 milhões + 30 milhões bónus, contrato até junho de 2031
  • Benoît Badiashile (21 anos, Mónaco): 38 milhões, contrato até junho de 2030
  • Noni Madueke (20 anos, PSV): 35 milhões, contrato até junho de 2030
  • Malo Gusto (19 anos, Lyon): 30 milhões, contrato até 2030 a começar em junho de 2023
  • Andrey Santos (18 anos, Vasco da Gama): 12,5 milhões, até junho de 2030
  • David Fofana (20 anos, Molde): 12 milhões, até junho de 2029
  • João Félix (23 anos, Atl. Madrid): 11 milhões pelo empréstimo, contrato até junho de 2023