O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, afirmou esta quarta-feira que continuará a negociar “de boa-fé” e “tranquilamente” com os dois sindicatos dos médicos, apesar da Federação Nacional dos Médicos manter a greve marcada para março devido ao “impasse” do processo.

“Nós vamos continuar a negociar tranquilamente, estamos numa negociação de boa-fé, convencidos que os profissionais são a coisa mais importante que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) têm e que será possível, acredito nisso, encontrar uma plataforma de diálogo”, afirmou Manuel Pizarro, à margem da cerimónia de entrega do Prémio Bial de Medicina Clínica, que decorreu na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).

Aos jornalistas, o ministro disse estar “concentrado” no prazo de conclusão das negociações que, salientou, “foi acordado entre o Ministério da Saúde e os dois sindicatos”.

O prazo é junho de 2023, é nesse prazo que estou concentrado. As negociações são muito vastas, abordam muitos temas distintos. Chegaremos seguramente a acordo numa parte dos temas, veremos se o acordo global é possível e satisfatório para conduzir à desconvocação desta greve”, acrescentou.

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Na terça-feira, a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) afirmou que está de “boa-fé” nas negociações com o Governo, que prosseguem na quarta-feira, mas assegurou que mantém a greve marcada para março devido ao “impasse” deste processo.

“O facto de haver esta marcação [da greve] não condiciona absolutamente nada. A FNAM continua de boa-fé e esperamos que a parte ministerial também mantenha a postura”, adiantou à Lusa a presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá.

Após a última reunião, realizada em 1 de fevereiro, a FNAM anunciou uma greve nacional para 8 e 9 de março, alegando a falta de propostas concretas por parte do Governo sobre a revisão das grelhas salariais dos médicos, um dos principais pontos em cima da mesa das negociações.

No mesmo dia, o ministério de Manuel Pizarro assegurou que está “empenhado no diálogo e na procura de consensos dentro de um calendário que o Governo e os sindicatos estabeleceram de comum acordo” para estas negociações, ou seja, até junho.

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Já o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) demarcou-se da greve anunciada pela FNAM, alegando que esta paralisação representa uma “cedência ao radicalismo e ao populismo” quando decorrem negociações entre as duas partes.

Estas negociações tiveram o seu início formal já com a equipa do ministro Manuel Pizarro, mas a definição das matérias a negociar foram acordadas ainda com a anterior ministra, Marta Temido, que aceitou incluir a grelha salarial dos médicos no protocolo negocial.

As negociações incluem ainda as normas de organização e disciplina no trabalho, a valorização dos médicos nos serviços de urgência e a dedicação plena prevista no novo Estatuto do Serviço Nacional de Saúde.