Nas últimas duas semanas foram quatro os objetos voadores não identificados que violaram o espaço aéreo da América do Norte. Se o primeiro foi caracterizado por Washington como um balão espião chinês, o mistério permanece quanto aos outros três, que foram abatidos no espaço aéreo dos Estados Unidos e do Canadá.

Este domingo, o espaço aéreo sobre o Lago Michigan foi encerrado devido a questões relacionadas com a “defesa nacional”, menos de uma hora depois foi a vez do espaço aéreo sobre o Lago Huron devido a uma “operação de defesa aérea ativa”.

Ainda não é claro se estas duas decisões estarão ou não relacionadas com os objetos voadores intercetados. No sábado, já tinha sido encerrado o de Montana, com um avião de combate a ser enviado para investigar uma “anomalia de radar” — mas não foi identificado qualquer “objeto voador”.

Horas depois, a força aérea dos Estados Unidos abateu um novo objeto voador não identificado que sobrevoava o Lago Huron, entre o Michigan e Ontário. A informação foi avançada pelo congressista norte-americano Jack Bergman, no Twitter.

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De acordo com este membro do Congresso, foi contactado pelo Departamento da Defesa americano, que lhe garantiu que o objeto voador não identificado foi “desmantelado” numa “ação decisiva” dos pilotos norte-americanos.

“Os militares dos EUA desmantelaram outro ‘objeto’ sobre o Lago Huron. Aprecio a ação decisiva dos nossos pilotos. O povo americano merece muito mais respostas do que aquelas que temos”, afirmou Jack Bergman.

Se no primeiro avistamento as autoridades revelaram que objeto era um balão chinês — um aparelho com 60 metros de altura e com uma base do tamanho de três autocarros –, nos três casos posteriores deram poucos detalhes. Segundo a CNN, aliás, não existem pistas que apontem para que tenham alguma ligação ao balão chinês.

Um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA afirmou que os objetos “não se assemelhavam” ao balão que os norte-americanos acreditam pertencer a Pequim e que eram “muito menores” que esse.

O porta-voz do Pentágono, Patrick Ryder, recusou-se a dar detalhes específicos sobre o objeto voador não identificado abatido no espaço aéreo do Alasca, dizendo apenas que era “mais ou menos do tamanho de um carro pequeno” e não reiterando que não apresentava semelhanças “em tamanho ou forma” com o alegado balão espião chinês.

Também a China disse ter detetado um desses objetos junto à sua área portuária e anunciou que ia abatê-lo. O referido objeto foi localizado nas águas do mar Amarelo, perto da costa da cidade de Rizhao, de acordo com um comunicado das autoridades marítimas provinciais.

Nesse mesmo comunicado, acrescenta-se que o Exército chinês se prepara para abater o objeto, pelo que as autoridades pedem aos pescadores da região que adotem as medidas de proteção necessárias. E não foram avançados mais detalhes.

É gigante, gerou um incidente diplomático e pode ser um aviso da China: o que se sabe sobre o enigmático balão espião?

Os EUA disseram que não vão caracterizar “definitivamente” os objetos abatidos no Alasca e no Canadá até que sejam recuperados os “destroços”. As declarações surgem após Chuck Schumer ter dito que esses objetos eram balões: “Eles acreditam que eram [balões], sim, mas muito mais pequenos do que o primeiro”.

De acordo com a BBC, embora não tenha mencionado a origem do que designou serem balões, o líder democrata no Senado alegou que Pequim estaria a utilizar uma “tripulação” desses objetos que, “provavelmente”, já estiveram “em todo o mundo”. As autoridades chinesas tentaram desvalorizar o caso, alegando que o balão detetado a sobrevoar instalações militares norte-americanas era de uso civil e tinha sido desviado pelos ventos.

Neste momento, equipas canadianas encontram-se a trabalhar para encontrar os destroços para que seja possível descobrir qual o propósito do objeto não identificado que sobrevoou o país. A agência Reuters escreve que o primeiro-ministro do Canadá garantiu que ainda “há muito a saber”, com a análise do objeto a ser “muito importante”.

“A segurança dos cidadãos é a nossa principal prioridade e foi por isso que tomei a decisão de abater aquele objeto não identificado”, salientou Justin Trudeau, sem dar mais detalhes.

Por sua vez, a ministra da Defesa desse país recusou-se a especular sobre a origem do objeto que diz ter uma forma “cilíndrica” e ser menor do que o balão chinês. As declarações de Anita Anand são seguidas pelas de Sabrina Singh, porta-voz do departamento de Defesa dos EUA, que, citada pela CNN, avisou que quando os destroços forem recuperados será possível dar mais informações à população sobre o assunto.

Enquanto não são conhecidos detalhes sobre estes dois objetos voadores não identificados que foram abatidos entre os EUA e o Canadá, o Presidente Joe Biden e o primeiro-ministro Justin Trudeau concordaram em continuar a estreita colaboração para defender o “espaço aéreo”.

“Os líderes discutiram a importância de recuperar o objeto [abatido no Canadá] para determinar mais detalhes sobre a sua finalidade ou origem”, afirmou a Casa Branca em comunicado.

*Artigo atualizado às 21h12 com a informação de que um novo objeto não identificado foi destruído nos EUA