O início de época do PSG foi quase como um desfilar de rosas e odes a tudo o que foi construído por quem pode comprar tudo menos tempo e títulos. E os resultados eram como um espelho do clube-estado de todas as maravilhas mesmo com uns arrufos de quando em vez das duas estrelas mais rebeldes, Neymar e Kylian Mbappé: uma política de contratações com maior preocupação aparente pela sustentabilidade e o projeto a médio/longo prazo, um sistema tático que parecia potenciar o melhor das principais figuras da equipa, um rolo compressor que ganhou 11 dos 12 primeiros jogos (o outro empatou) com uma média superior a três golos por partida tendo apenas sete golos consentidos. Depois, começou a haver um choque com outras realidades, potenciado pela perda do primeiro lugar da Champions. Agora, tudo volta a estar em causa.

Em dez encontros realizados em 2023, o conjunto de Christophe Galtier perdeu a invencibilidade, já sofreu quatro derrotas, saiu da Taça de França (outro dos objetivos “mínimos” da temporada) e vai enfrentar mais um dos pontos fulcrais da época, a eliminatória dos oitavos da Liga dos Campeões com o Bayern, num clima de convulsão que seria pouco expectável depois do bom início. Mais: Neymar, que conseguiu o melhor arranque da carreira com 11 golos e sete assistências nos primeiros dez jogos, volta a ser colocado “de fora”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O primeiro capítulo nos últimos dias a envolver o internacional brasileiro até foi extra desportivo, com os vizinhos do jogador a queixarem-se do barulho das festas a altas horas de madrugada. A derradeira farra foi no dia 5, quando o avançado celebrou o 31.º aniversário, mas a reincidência funcionou como uma gota de água até para o líder da Câmara de Bougival, onde fica a sua residência. “Não era só o barulho, era algo profundamente irritante. Até podemos verbalizar [o que sentimos] mas o que é que se faz com alguém que não está preocupado em pagar uma multa de 45 euros tendo em conta aquilo que ganha? Em algum momento vamos ter de juntar um arquivo referindo os repetidos problemas de ordem pública”, queixou-se Luc Wattelle, em declarações ao Le Parisien, reportando as queixas de vários moradores da zona.

Depois, os episódios que foram decorrendo na derrota com o Mónaco da última jornada (que só não coloca o primeiro lugar mais em causa porque não existe em França uma equipa que seja capaz de ganhar com maior regularidade no topo da classificação). Após uma partida em que foram notórios os sinais de desagrado do jogador com alguns companheiros como Ekitike ou Vitinha, o brasileiro, a par do capitão Marquinhos, foi o elemento que reagiu pior à chamada de atenção de Luís Campos, diretor desportivo do PSG que se deslocou ao balneário para criticar a “falta de agressividade” da equipa, fazendo escalar a discussão em bom português num tom mais alto que, segundo o L’Équipe, foi o que mais surpreendeu o restante grupo.

Agora, o jornal As avança com uma possibilidade já antes falada mas que podia ganhar forma no próximo verão: para ganhar outro fôlego para manter Kylian Mbappé e Lionel Messi em Paris com os principescos ordenados que agora auferem e para dar outra “tranquilidade” ao balneário, o brasileiro poderá estar de saída do PSG apesar de ter contrato válido até junho de 2025 e de ser nesta fase o jogador mais decisivo nos números do campeão francês com 17 golos e 15 assistências em 27 jogos realizados em 2022/23.