Pedro Strecht, presidente da Comissão Independente que estuda os abusos sexuais de menores na Igreja, considerou esta segunda-feira que o “perfil da maior parte das pessoas abusadores é de continuidade da persecução do mesmo tipo de crime”, pelo que “constituem um perigo real”. Nesse sentido, avançou à SIC Notícias, que serão mais de 100 os padres abusadores ainda no ativo.

Já em declarações à RTP, o coordenador da comissão disse que se a própria Igreja quiser, “mediante a lista nominal que vai receber em completo em breve, pode perfeitamente investigar”, tendo “o dever moral e ético de colaborar com as entidades judiciais”.

Pedro Strecht adiantou que o número de relatos registados “surpreendeu, sem dúvida nenhuma”, uma vez que quando a comissão começou não tinha “expectativas de nenhuma espécie”. E garantiu que “já não vale a pena dizer que não aconteceu [os abusos]”, uma vez que aconteceu e “de uma forma intensa e dramática”.

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Quanto à proposta para que os crimes só prescrevam depois de as vítimas fazerem 30 anos (atualmente prescrevem depois de fazerem 23 anos), o presidente da comissão afirmou que a “dor e o sofrimento psicológico nunca prescrevem e podem durar a vida toda, se não tiverem o apoio necessário”. Além disso, o pedopsiquiatra afirmou que Marcelo Rebelo de Sousa está em “total sintonia” com a proposta para mudar a lei, que será discutida e apresentada “em local próprio”, nomeadamente na Assembleia da República.

Ainda bem que outros países da Europa já alargaram os seus prazos. Quer dizer que não estaremos nunca sozinhos, se esse for o caminho”, acrescentou em declarações à RTP.

O pedopsiquiatra disse também que “quase 50% das pessoas até à idade atual nunca tinham falado disto [dos abusos] com mais ninguém” e que é “provável que muitas outras continuem sem falar”, por vergonha, culpa ou pelo desejo de não exposição, como se “de facto o mal estivesse com elas e não com a pessoa que as abusou”.

Questionado sobre se estaria disposto a coordenar uma nova comissão que eventualmente venha a ser criada, Pedro Strecht respondeu que “não” porque o trabalho desenvolvido ao longo dos últimos meses foi “emocionalmente muito desgastante, mesmo para uma pessoa da área”, para um pedopsiquiatria.

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