“O mundo chorou a morte de um Guerreiro Extraordinário nesta data. Há dois anos deu-se uma tragédia que abalou o clube, o país, o continente e o planeta andebolístico: falecia Alfredo Quintana. Aos 32 anos, na flor da vida, o guardião luso-cubano perdia a última batalha de um percurso recheado de vitórias pessoais e profissionais. Mais do pelas enormes qualidades entre os postes, distinguiu-se pelas virtudes humanas e pela alegria com que contagiou todos os que o acompanharam. O FC Porto é grande por causa de Homens assim. A camisola 1 será sempre sua”, destacava este domingo a Dragões Diário, habitual newsletter do clube.

“Não sou um sobrevivente. Sou um guerreiro extraordinário”. Morreu o bom gigante, Alfredo Quintana. Tinha 32 anos

Algumas semanas depois de ter sido lançado o documentário “Quintana: um Guerreiro Extraordinário”, onde ficou bem patente a ligação que companheiros do FC Porto e de Seleção mas também os adversários e demais figuras do andebol tinham pelo guarda-redes que sofreu uma paragem cardiorrespiratória antes de um treino no Dragão Arena, os azuis e brancos assinalavam os dois anos da morte daquele que ficou como o melhor guardião nacional e um dos melhores europeus de sempre, com um currículo com mais de uma dezena de títulos entre sete Campeonatos, duas Taças de Portugal e duas Supertaças e a participação nas históricas presenças no Europeu de 2020 e no Mundial de 2021. E logo num jogo para a Liga dos Campeões.

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Foi na Sparkassen-Arena, uma espécie de catedral do andebol mundial e que serve de casa do Kiel, que o número 1 fez aquela que é talvez a defesa mais memorável de sempre em novembro de 2019. Houve alguns encontros europeus em que Quintana defendeu 50% dos remates e outros onde travou cinco e seis livres de sete metros, mas foi naquela vitória dos dragões, uma das maiores de sempre de uma equipa portuguesa nas provas europeias, que fez um voo que não mais ninguém esqueceu. Ainda hoje o recordam.

Agora, a realidade e o contexto são distintos, a começar pelas dificuldades que o FC Porto teve esta edição da Champions com apenas uma vitória caseira frente ao Dínamo Bucareste (32-23) e um empate também na Invicta diante do Magdeburgo (31-31) entre 12 encontros realizados na fase de grupos, muitos perdidos nos minutos finais da partida. Assim, a receção ao Dínamo Zagreb, em luta com os polacos do Wisla Plock pela sexta posição do grupo, era apenas uma formalidade para cumprir calendário em relação aos objetivos dos azuis e brancos mas nem por isso foi levado menos a sério pelo conjunto de Magnus Andersson.

Depois de um início marcado pela homenagem a Daymaro Salina, capitão de equipa (e amigo próximo de Quintana ainda dos tempos de Cuba) que cumpriu 500 encontros com a camisola dos dragões e recebeu uma recordação de Pinto da Costa, o encontro começou com cânticos e palmas por Alfredo Quintana, referência que ainda hoje é recordada em vários espaços do Dragão Arena. E essa acabou quase por ser uma motivação extra para um dos melhores encontros europeus da época: apesar de algumas falhas técnicas menos normais e uma percentagem baixa de sete metros, o FC Porto recuperou de uma desvantagem de quatro golos na primeira parte (7-3), saiu a ganhar para o intervalo (12-11) e conseguiu depois consolidar esse avanço (28-26) com uma exibição monstruosa de Nikola Mitrevski, guarda-redes que chegou ao clube na época em que o internacional português acabou por falecer. Aconteceu há dois anos mas ninguém esqueceu.