Ativistas do movimento Parar o Gás pintaram esta quinta-feira com tinta amarela a fachada de sede da EDP, em Lisboa, em protesto contra o aumento dos lucros da empresa de energia no ano passado.
A EDP comunicou na quarta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) ter obtido 679 milhões de euros de lucro em 2022, mais 3% do que no ano anterior.
Esta manhã, apoiantes de Parar o Gás denunciaram os lucros de 679 milhões de euros da EDP durante 2022, ano marcado pela seca extrema causada por alterações climáticas e aumento das contas da casa e preços da comida, sentidos pela maioria das pessoas em Portugal”, indica o movimento num comunicado.
Comentando o “ataque à sede“, o presidente executivo da EDP, Miguel Stilwell de Andrade, salientou esta quinta-feira que a empresa foi “considerada a elétrica mais sustentável do mundo”, de acordo com o Índex de Sustentabilidade Dow Jones.
O Parar o Gás acusa a empresa do setor energético de “atividades criminosas” por “continuar a importar gás para Portugal, tendo contratos de importação de gás até pelo menos 2040, tal como por produzir eletricidade através de gás fóssil, nas suas duas centrais de ciclo combinado” no país.
Há já muito tempo que a EDP sabe que a queima de gás fóssil, tal como de todos os combustíveis fósseis, é a causa das alterações climáticas extremas que experienciamos e que continuam a agravar-se”, assinala o movimento, defendendo ser “necessária uma transição energética” e deixar de “usar gás fóssil”.
Em declarações à agência Lusa em Londres, onde o grupo divulgou o plano estratégico 2023-2026, Miguel Stilwell de Andrade disse que a EDP “acabou de anunciar objetivos de sair do carvão até 2025, sair do gás até 2030” e de ser neutro em emissões de dióxido de carbono até 2040.
Temos muito orgulho de estar a fazer este caminho da descarbonização”, acrescentou.
O movimento Parar o Gás defende “100% de eletricidade renovável e acessível a todas as pessoas até 2025 (…) como alternativa ao colapso climático e à austeridade”.
Convida também as pessoas a saírem à rua na sexta-feira, dia de Greve Climática Global, e a 1 de abril para a “Manifestação pelo Direito à Habitação”, bem como a participarem “no protesto de resistência civil no dia 13 de maio, que irá bloquear a entrada principal de Gás Fóssil em Portugal, o terminal de Gás Natural Liquefeito em Sines”.
As alterações climáticas, que o secretário-geral da ONU, António Guterres, considerou o maior problema da humanidade, são atribuídas aos efeitos da atividade humana, especialmente às grandes quantidades de dióxido de carbono lançadas para a atmosfera pelo uso intensivo de combustíveis fósseis.