Com uma “nova versão” a caminho, a Victoria’s Secret está de regresso aos desfiles já este ano, depois de ter parado em 2018. Ao contrário das polémicas nas quais a marca esteve envolvida nos últimos anos, o evento de 2023 poderá contar com mais diversidade.
O anúncio foi feito na passada sexta-feira pelo diretor financeiro da marca, Timothy Johnson, que guardou os detalhes sobre a data concreta e o espetáculo para mais tarde.
“Continuaremos a debruçar-nos sobre as despesas de marketing para investir no negócio, tanto no topo do ‘funil’, como também para apoiar a nova versão do nosso desfile de moda, que virá no final deste ano”, confirmou numa reunião de balanço do ano de 2022.
A empresa salientou ainda que vai reforçar o “compromisso em defesa da voz das mulheres e das suas perspetivas únicas”, acrescentando: “Isto levar-nos-á a recuperar uma das nossas melhores estratégias de marketing e entretenimento, mas alterando-a para refletir quem somos hoje.” Esta frase e o vídeo da Victoria’s Secret que está a ser partilhado nas redes sociais permite adivinhar um desfile mais inclusivo, com modelos plus size, por exemplo.
O último desfile da Victoria’s Secret foi em 2018 e contou com anjos como Jasmine Tooke, Kendall Jenner, a portuguesa Sara Sampaio e a brasileira Alessandra Ambrósio. O evento, no qual já desfilaram também as modelos Adriana Lima, Gisele Bündchen e Heidi Klum, foi posto em pausa em 2019 depois de o desfile anual ter sido cancelado. Em causa estiveram os maus resultados nas vendas e nas audiências televisivas. As controvérsias em torno da marca seguiram-se ao longo dos anos com polémicas sobre a “cultura misógina” da empresa, escândalos sexuais e a falta de diversidade e inclusão.
“Victoria’s Secret: Angels and Demons”, o documentário que expõe o lado mais obscuro da marca
Ainda em 2018, o então responsável pelo marketing da marca, Ed Razek, foi alvo de críticas depois de, numa entrevista à revista Vogue, ter rejeitado a ideia de ter um clã mais diversificado, com modelos trans-sexuais e plus-size, na Victoria’s Secret. “Acho que não devíamos. Bem, porque não? Porque o espetáculo é uma fantasia. É um especial de entretenimento de 42 minutos. É o que é”, afirmou.
Em 2021, a marca disse adeus aos anjos e procurou reinventar-se com o lançamento da campanha VS Collective na qual faziam parte a modelo plus-size Paloma Elsesser, a ativista LGBTQ+ Valentina Sampaio, a futebolista norte-americana Megan Rapinoe e a atriz e empresária Priyanka Chopra Jones.
Para já, não se sabe se a mesma estratégia se vai manter. No entanto, as reações ao anúncio têm sido diversas, com vários utilizadores na rede social Twitter com expectativas moderadas: “Vou reservar a minha reação até ver se realmente eles se tornaram mais inclusivos ou isto é tudo meramente performativo”, escreveu um.
Outros, como a cantora norte-americana Lizzo vão mais longe e celebram a “vitória da inclusão”. No entanto, levantou uma dúvida: “Mas se as marcas começarem a fazer isto apenas porque receberam reacções negativas, depois o que acontece quando as tendências mudarem novamente? Os CEO destas empresas valorizam a verdadeira inclusão? Ou só valorizam o dinheiro?”, escreveu.
This is a win for inclusivity for inclusivity’s sake
But if brands start doing this only because they’ve received backlash then what happens when the ‘trends’ change again?
Do the CEOs of these companies value true inclusivity? Or do they just value money? https://t.co/ykmcUTLayQ
— FOLLOW @YITTY (@lizzo) March 5, 2023