O Governo da Nicarágua anunciou este domingo que pretende a “suspensão das relações diplomáticas” com o Estado do Vaticano, depois de o Papa Francisco ter considerado o regime de Daniel Ortega uma “ditadura grosseira”.

“Dada a informação que tem sido divulgada por fontes aparentemente ligadas à Igreja Católica, o Governo de Reconciliação e Unidade Nacional da nossa Nicarágua, abençoado e sempre livre, especifica que entre o Estado do Vaticano e a República da Nicarágua foi proposta uma suspensão das relações diplomáticas”, adiantou o Ministério dos Negócios Estrangeiros em comunicado.

O Papa Francisco classificou o regime do Presidente Daniel Ortega como uma “ditadura grosseira”, um mês depois de o bispo Rolando Alvarez ter sido condenado a 26 anos e quatro meses de prisão.

Fontes do Vaticano adiantaram à agência noticiosa EFE que a Nicarágua avançou com um pedido à Santa Sé para o encerramento da respetiva sede diplomática, embora ainda não se tenha concretizado a rutura nas relações diplomáticas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A Nicarágua não tem um embaixador na Santa Sé desde 21 de setembro de 2021, quando Daniel Ortega cancelou a nomeação de Elliette Ortega Sotomayor, e tem apenas um ministro conselheiro para as negociações.

Além disso, em março do ano passado, o Governo também expulsou o núncio apostólico no país, monsenhor Waldemar Stanislaw Sommertag.

O bispo Rolando Álvarez, muito crítico do governo de Ortega, foi condenado em 10 de fevereiro a 26 anos e quatro meses de prisão, após ser considerado culpado de crimes classificados como “traição”.

Álvarez recusou-se a embarcar no avião que o levaria, junto com outros 222 opositores políticos nicaraguenses libertados em fevereiro passado, aos Estados Unidos, o que provocou a fúria de Ortega, que o rotulou de “arrogante” e “insano”.