O Portugal Fashion vai entrar numa “nova era” na próxima edição de outubro com base nas novas estratégias que vão ser traçadas com o memorando de entendimento assinado esta terça-feira, declarou a diretora do evento de moda, Mónica Neto.
A Associação Nacional dos Jovens Empresários (ANJE), que gere o Portugal Fashion, assinou no Porto um memorando de entendimento com a Associação Têxtil e Vestuário De Portugal (ATP), a Câmara Municipal do Porto, a Universidade Católica e a Deloitte, designado por “Re. Port / Portugal Fashion 23-26 Future Strategy by ANJE with U. Católica do Porto and Deloitte”, com o objetivo de traçar uma nova estratégia para o Portugal Fashion 2023- 2026.
Questionada pela agência Lusa sobre se este memorando vai mudar a próxima edição de outubro de 2023, Mónica Neto considerou que um plano de 2023-2026 não fará com que tudo aconteça a partir de outubro, mas assumiu que o objetivo é “criar um plano de ação que vai evoluindo para um determinado sentido”.
“Não acreditamos que em outubro esteja estruturado tudo aquilo que é o objetivo desse plano, mas sim, com os primeiros passos e os primeiros ares de alguma mudança e de um novo Portugal Fashion. Temos consciência de que partindo de uma base tão bem estruturada, haverá necessariamente novidades (…) e temos alguns pressupostos em relação àquilo que é a necessidade de fazer algumas mudanças que tornem a próxima edição uma nova era da história do evento”.
Segundo avançou, a discussão de cenários estratégicos e conclusões das opções para a estratégia futuro do Portugal vão ser apresentadas entre junho e julho.
Luís Marques, coordenador do estudo da Universidade Católica Porto Business School, explicou, na conferência de imprensa de hoje, que o plano para a nova estratégica é “participativo” e que vai contar com vários grupos de reflexão, designadamente o “Grupo Indústria”, composto por empresários, gestores, associações setoriais e investidores, e o “Grupo Moda”, composto por criadores, ‘designers’, agentes de compras, influenciadores, jornalistas, entre outros intervenientes no setor da moda.
O plano é que este mês de março e na primeira semana de abril se faça um “diagnóstico” do evento e, depois de “estabilizado o diagnóstico”, se parta para as “entrevistas individuais”.
Maio será o mês do calendário para fazer as apresentações das conclusões do trabalho para apresentar um projeto para o Portugal Fashion sustentável e que contribua para o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal, explicaram aqueles dois especialistas.
“Vamos contribuir para a estratégia e para o exercício estratégico, tendo em conta a dupla transição, seja sustentabilidade da indústria, seja no digital”, acrescentou Miguel Taborda, da Deloitte.
Alexandre Meireles, presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), declarou hoje que o Portugal Fashion é o “evento âncora” e “evento estrela” da ANJE, e considerou que hoje era um dia “muito importante” para a ANJE e para o futuro do Portugal Fashion.
“Na tomada de posse de mandato há cerca de três anos fomos sempre dizendo que a ANJE é mais do que Portugal Fashion, mas o Portugal Fashion é o nosso evento âncora. E fomos também dizendo que cada vez mais queríamos transformar o Portugal Fashion com uma ligação menos dependente de fundos públicos e que tivesse mais a participação das regiões e das entidades vivas da região Norte e da industria do calçado, da industria têxtil, das joias.
Segundo o presidente da ANJE, o grande objetivo do memorando hoje assinado é ouvir as forças vivas da região sobre o evento de moda, saber como está neste momento e depois “saber o que fazer para transformar este Portugal Fashion num evento sustentável, que seja cada vez menos dependente dos fundos públicos”, e que toda a região desenvolva os “seus negócios e que contribua para o PIB nacional”.
A 52.ª edição do Portugal Fashion tem como mote a inteligência artificial e os desfiles arrancam esta quarta-feira, às 14h00, na Rua Latino Coelho.
Estão previstos 34 desfiles, quatro apresentações sobre o setor, dez eventos, um ‘showroom’ profissional, exposições e um roteiro industrial, até sábado à noite, dia 18 de março.
A maioria dos desfiles nesta edição vai acontecer na Rua Latino Coelho, em vez do edifício da Alfândega do Porto, como vinha sendo habitual nos últimos anos.
A edição 52.ª do Portugal Fashion conta com cerca de 450 mil euros, adiantou à Lusa Alexandre Meireles.
O Portugal Fashion — uma iniciativa de promoção da moda portuguesa, autoral e industrial – tinha em média um orçamento de cerca de 900 mil euros, mas na 51.ª edição teve um montante disponível de 450 mil euros, um corte justificado com o fim dos fundos europeus do Portugal 2020 e pelo facto de, na altura, ainda não terem aberto as candidaturas para o Portugal 2030.