O antigo deputado e dirigente do Bloco de Esquerda Pedro Soares será o nome que enfrentará Mariana Mortágua na convenção do partido, em maio. Não se assumindo como candidato à liderança — até porque as duas candidaturas têm propostas de formato diferentes para a organização da direção do partido — será o rosto principal da moção opositora a Mortágua.
A informação avançada pela SIC foi confirmada pelo Observador nesta quarta-feira. Num plenário de subscritores da moção E, este sábado, ficou definido que Pedro Soares — o rosto mais conhecido dos críticos da linha de Catarina Martins e Mariana Mortágua — será o “porta-voz principal” da moção, se for a mais votada na convenção bloquista.
“Se Bloco não mudar de rumo, fica numa situação muito complicada”
O que não significa que se assuma como candidato a líder ou a coordenador: a ideia da moção E, composta pela principal tendência interna crítica no Bloco, a Convergência, e outros críticos da linha oficial do partido, é organizar a direção num sistema de vários porta-vozes, em jeito de “direção coletiva”. Isto ao contrário do que aconteceu nesta liderança, em que Catarina Martins se assumia como “coordenadora” do partido.
Os críticos têm, de resto, resistido a indicar um só nome para encabeçar a candidatura, embora Pedro Soares já tivesse sido o responsável pela apresentação da moção E, no final de fevereiro, tendo já então sido apresentado como porta-voz do grupo.
E não têm um elenco de nomes definido para avançar com candidaturas aos órgãos do Bloco. Isto é: segundo apurou o Observador, não foram ainda discutidos nem os nomes que farão parte da Mesa Nacional (a direção alargada do Bloco) nem os que candidatarão à Comissão Política (órgão mais restrito). Neste mandato, Pedro Soares não fez parte de nenhum deles.
Em entrevista ao Observador, Pedro Soares dizia em fevereiro não querer fulanizar a discussão por suspeitar que a atual direção quereria discutir nomes do “star system” do Bloco para não discutir os problemas de fundo do partido. Que passam, para os críticos internos, por uma concentração excessiva de poder na cúpula do Bloco — e uma consequente falta de democracia interna e de participação das bases no partido — e uma submissão ao PS, com demasiado foco nos acordos com o Governo.