O parlamento de El Salvador prolongou por mais 30 dias o estado de emergência, imposto em março de 2022, no âmbito da “guerra” aos grupos de crime organizado declarada pelo Presidente, Nayib Bukele.
A decisão foi aprovada por 67 dos 84 deputados das duas câmaras da Assembleia Nacional de El Salvador na quarta-feira à noite, com sete abstenções e sete votos contra, sem qualquer discussão em sede de comissão ou debate no plenário.
“Num ano, salvámos a vida de cerca de cinco mil pessoas e tivemos zero homicídios por mais de 320 dias em toda a gestão” de Bukele, afirmou a deputada Alexia Rivas, durante um discurso no plenário.
A “guerra contra os gangues travada pelo Governo permitiu que o povo de El Salvador tivesse uma sensação de segurança, como evidenciado por sondagens”, sublinhou o decreto legislativo.
De acordo com uma sondagem publicada na terça-feira pelo jornal local La Prensa Gráfica, cerca de 70% da população salvadorenha apoia a reeleição de Nayib Bukele.
O estado de emergência foi imposto em 27 de março de 2022, depois de uma escalada de homicídios atribuídos a gangues, que matou mais de 80 pessoas em três dias.
Parlamento de El Salvador decreta estado de emergência após 62 homicídios em 24 horas
Esta é a 12.ª vez que é prolongado este regime excecional, durante o qual foram detidas quase 66 mil pessoas, sem garantias fundamentais como o direito a defesa ou a inviolabilidade das telecomunicações e com o prazo máximo de prisão preventiva prolongado de 72 horas para 15 dias.
Durante a guerra contra o crime organizado, organizações salvadorenhas e a Procuradoria de Defesa dos Direitos Humanos receberam mais de 7.900 denúncias de abusos, a maioria por detenções arbitrárias.
No final do mês passado, o Governo de El Salvador inaugurou uma prisão de segurança máxima, com capacidade para 40 mil detidos, para onde tinha transferido inicialmente dois mil alegados suspeitos de ligação ao crime organizado.
Presidente de El Salvador inaugura prisão para 40 mil reclusos
Também na quarta-feira, Nayib Bukele disse, na rede social Twitter, que foi transferido “o segundo grupo de dois mil membros de gangues para o Centro de Repressão ao Terrorismo”.