A organização não-governamental (ONG) angolana Omunga lamentou esta quarta-feira a “asfixia” da liberdade de imprensa em Angola devido à “onda de perseguições e intimidações” que visam jornalistas, apontando o caso recente da Camunda News.
TV Camunda News suspende emissão por medo e pressão das autoridades angolanas
“Foi com muita tristeza que a Omunga tomou conhecimento sobre o possível cancelamento do canal de TV digital da Camunda News na plataforma YouTube e demais redes sociais, ou seja, a Camunda News vai deixar de produzir e emitir conteúdos de natureza informativa e política por um período indeterminado”, refere a nota da Omunga.
A situação representa uma “intenção ilegal”, salientou a ONG, realçando que o proprietário da empresa, David Boio, tem sido alvo de interrogatórios intimidatórios por parte do Serviço de Investigação Criminal (SIC).
David Boio assumiu à Lusa que decidiu suspender a emissão do canal ‘online’ devido à pressão a que tem sido submetido e ao sentimento de insegurança que afetou toda a equipa, na sequência de um programa em que participou o ativista social ‘Gangsta’, acusado de associação criminosa, instigação à rebelião, instigação à desobediência civil e ultraje ao Presidente da República.
“Na mesma senda, tomamos conhecimento sobre tentativas de coação e intimidação a jornalistas de imprensa e fazedores de opinião nas redes sociais na província de Benguela, o que demonstra uma estratégia clara que visa coartar os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos”, denunciou a Omunga.
Para esta ONG, trata-se de “um ato de heroísmo para algumas empresas e os seus proprietários, devido à onda de perseguições e intimidações com o objetivo de silenciar e extinguir toda e qualquer linha editorial que não satisfaça a classe dominante”
A Omunga apelou às instituições públicas que parem “com essas atrocidades”, de modo a permitir que os cidadãos contribuam para o desenvolvimento do país.
“Para isso é importante que a liberdade e o respeito às leis sejam um dos pilares para a criação de um ambiente salutar entre as instituições públicas, privadas e a sociedade civil”, salientou a nota.
A Omunga pediu igualmente ao Ministério da Comunicação Social e das Novas Tecnologias “que chame a Camunda News e, de uma vez por todas, resolva os supostos problemas que diz existirem e que se deixe de estar a exercer coação ilegal sobre a Camunda News e outros órgãos de imprensa, bem como os jornalistas individuais”.