“Regresso a Seul”

O franco-cambodjano Davy Chou assina esta fita sobre Frankie (Park Ji-min), uma jovem sul-coreana que foi dada para adoção pelos pais quando era pequena e criada por um casal em França. Agora com 25 anos, Frankie regressa ao país em que nasceu para contactar o pai e a mãe. Contando a sua história ao longo de quase 10 anos, “Regresso a Seul” está muito longe de ser um vulgar melodrama sobre um reencontro familiar. Chou prefere sublinhar, com delicadeza e veracidade, os problemas e as reticências de Frankie em se integrar numa cultura que em tudo lhe é estranha (nem sequer fala a língua), o confuso sentimento de pertença, o ressentimento que ela nutre em relação aos progenitores que a abandonaram, e a evolução da sua personalidade, a partir do momento em que volta à Coreia do Sul. E o filme nem sequer oferece uma resolução definitiva e reconfortante para Frankie ou para o espectador.

“Filhos de Ramsés”

Ramsés (Karim Leklou) é um vidente burlão e manipulador que dá consultas em sua casa, no bairro caoticamente multiétnico da Goutte d’Or, em Paris, e está a enfurecer os seus concorrentes do mesmo ramo, de várias raças e credos, por lhes estar a tirar a clientela. O negócio vai de vento em popa, mas as coisas vão mudar quando lhe entram em casa os membros de um perigoso “gang” de miúdos da rua, originários do Norte de África como ele, mas que não respeitam nada nem ninguém, e o ameaçam para que encontre um deles, que desapareceu com todo o dinheiro. Realizado por Clément Cogitore, “Filhos de Ramsès” apresenta uma forte componente de realismo documental numa história ténue, algo confusa e pouca atrativa. A condescendência com que o filme trata a marginalidade juvenil também não ajuda nada.

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“Shazam! Fúria dos Deuses”

O segundo filme que tem por protagonista o adolescente órfão Billy Batson, que se transforma num super-herói adulto chamado Shazam ao dizer esta palavra mágica, põe-o, juntamente com os seus irmãos adoptivos, a enfrentar uma nova ameaça, que toma a forma das temíveis Filhas de Atlas. Estas regressam à Terra para recuperar os seus poderes, e estão de posse de uma arma que pode destruir o mundo e aniquilar a humanidade. Depois do “Shazam!” original (2019), David F. Sandberg volta a realizar esta continuação das aventuras do super-herói da DC. Com Asher Angel, Zachary Levi, Jack Dylan Grazer, Adam Brody, Djimon  Hounson e, no papel das três Filhas de Atlas, Helen Mirren, Lucy Liu e Rachel Zegler.

“Great Yarmouth: Provisional Figures”

O novo filme de Marco Martins parte de um espectáculo da companhia Arena Ensemble que o realizador fundou com Beatriz Batarda, e passa-se antes do Brexit, em Great Yarmouth, entre os migrantes portugueses que ali acorrem para trabalhar nas fábricas de processamento de aves, a matar, depenar e embalar perus (Martins fez um prévio e longo trabalho de pesquisa junto daquela). Batarda interpreta Tânia, casada com um inglês. Ela já trabalhou na indústria das aves, mas agora negoceia com as fábricas a contratação dos seus compatriotas (os “provisional figures” do título), orientando-nos na burocracia e alojando-os nos hotéis decadentes do marido. “Great Yarmouth: Provisional Figures” foi escolhido como filme da semana pelo Observador e pode ler a crítica aqui.