As manifestações contra a reforma das pensões na praça da Concórdia e nos Campos Elísios, em Paris, foram este sábado proibidas pelo comando da polícia, após duas noites de protestos ensombrados por incidentes.

“Devido aos sérios riscos de perturbações à ordem e à segurança públicas (…) todas as manifestações na via pública na praça da Concórdia e imediações, assim como na zona dos Campos Elísios estão interditas”, declarou à AFP a prefeitura.

“As pessoas que tentarem reunir-se serão sistematicamente desmobilizadas pelas forças da ordem” e poderão ser multadas, acrescentou a mesma fonte. Estes locais situam-se perto da Assembleia Nacional e do palácio presidencial do Eliseu.

A contestação à reforma das pensões decidida pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, tomou contornos mais radicais, com jovens ativistas cansados dos cortejos semanais e prontos para endurecer a luta, após a decisão do Governo, na quinta-feira, de aprovar o texto.

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Na sexta-feira, como na véspera, milhares de pessoas reuniram-se na praça da Concórdia.

Uma fogueira foi acesa e o ambiente ficou tenso ao cair da noite, com a polícia a carregar sobre a multidão, segundo jornalistas da AFP.

Várias centenas de pessoas enfrentaram a polícia com garrafas e foguetes, tendo esta replicado com gás lacrimogéneo ao atuar para evacuar a praça, debaixo de chuva. Segundo o comando policial, 61 pessoas foram interpeladas.

Na véspera, 10.000 manifestantes reuniram-se no local e 258 pessoas foram detidas.

O Governo francês decidiu na quinta-feira adotar a reforma das pensões, recorrendo ao artigo 49.3 da Constituição, que permite a adoção de um texto sem votação, a menos que seja votada uma moção de censura ao Executivo. A medida prevê o aumento da idade da reforma de 62 para 64 anos.