787kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Costa, Marcelo e Santos Silva no funeral. Centenas nas ruas de Campo Maior para último adeus a Rui Nabeiro

Este artigo tem mais de 1 ano

Milhares de pessoas reuniram-se em Campo Maior para o adeus a Rui Nabeiro. Carminho e coro da Gulbenkian interpretaram algumas das músicas favoritas do comendador. Altas figuras do Estado no funeral.

21 fotos

As cerimónias fúnebres de Rui Nabeiro começaram na segunda-feira e foram concluídas esta terça-feira. Na manhã de segunda-feira, Campo Maior acordou com um ecrã gigante de LEDs 2×3 instalado à porta da Igreja Matriz de Campo Maior, onde vão sendo transmitidas imagens da vida do comendador, mas também citações: “Toda a comunidade cabe dentro do coração.”

A missa decorreu às 12h00 desta terça-feira e durante a manhã foram chegando familiares e amigos de Rui Nabeiro, mas também altas figuras do Estado, como Marcelo Rebelo de Sousa, Augusto Santos Silva e António Costa.

Marcelo Rebelo de Sousa, Santos Silva e António Costa durante o cortejo fúnebre. JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Durante a cerimónia a cantora Carminho interpretou a canção “Estrela”, que era uma das preferidas do comendador, e, no fim da missa, o coro da Gulbenkian interpretou a canção “Quero É Viver”, de António Variações. Também os netos Rita, Ivan, Rui Miguel e uma colaboradora da Delta leram textos na missa. O roteiro do cortejo até ao cemitério passou pela Rua Major Talay; seguiu pela Rua Miguel Bombarda; Portas de Santa Maria; e Nacional 371 em direção ao cemitério.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Centenas de pessoas reunidas nas ruas de Campo Maior para último adeus a Rui Nabeiro. JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

O cortejo fúnebre do histórico empresário partiu, na segunda-feira, pelas 9h50, da empresa Novadelta, onde fica também a Adega Mayor e o Centro de Ciência do Café, inaugurado em 2014 na Herdade das Argamassas, em Campo Maior, e seguiu depois pelas ruas da vila, ao longo de 4,5 quilómetros, com paragens nos locais que mais terão marcado o seu percurso.

Minutos antes da hora marcada, testemunhou o repórter da Rádio Observador, havia já centenas de trabalhadores em fila no complexo fabril, à espera do comendador, num silêncio impressionante e sepulcral.

Centenas de trabalhadores concentraram-se esta segunda-feira de manhã na fábrica da Delta

Instalações da Delta, na Herdade das Argamassas, em Campo Maior, é o primeiro ponto de paragem do cortejo fúnebre de Rui Nabeiro

Antes de lá chegar, o carro funerário com a urna do empresário já tinha sido recebido com aplausos, à passagem pela rotunda que dá acesso à vila, onde foi colocado um cartaz com a inscrição “Obrigado, Sr. Rui”.

Um cenário que não se alterou à entrada nas instalações, também adornadas com os mesmos pósteres em sinal de agradecimento: assim que o cortejo chegou, começaram a ouvir-se palmas, ininterruptas, durante largos minutos, e foram vários os funcionários a não conter as lágrimas.

Na primeira paragem do cortejo fúnebre, as palmas a Rui Rabeiro, “o senhor Rui”, prolongaram-se ao longo de 11 minutos

Também visivelmente emocionado e a chorar, João Manuel Nabeiro, o filho de Rui Nabeiro, recebeu as condolências e abraços de inúmeros funcionários.

Os filhos, Helena e João Manuel Nabeiro, visivelmente emocionados na receção ao cortejo fúnebre do pai, na fábrica da Delta

João Manuel Nabeiro recebeu as condolências de inúmeros trabalhadores

De acordo com a agência Lusa, que teve acesso a uma nota partilhada pelo grupo, antes da chegada à Igreja Matriz de Campo Maior, o cortejo passou ainda pelas instalações da Tecnidelta, na sede da Delta Cafés, na torrefação Camelo e, claro, no jardim municipal, junto à estátua do Comendador Rui Nabeiro, que está já transformada no principal ponto de homenagem ao empresário.

Na vila do Alto Alentejo desde domingo à noite, a Rádio Observador tem testemunhado a romaria, de locais e não só, que têm depositado junto à estátua, erigida para assinalar a distinção de Manuel Rui Azinhais Nabeiro como comendador, velas de vários tamanhos, ramos e até coroas de flores.

Ainda antes do meio-dia, hora do início do velório, que deverá durar 24 horas — até às 12h desta terça-feira, hora apontada para a missa de corpo presente de Rui Nabeiro —, a urna com o corpo do empresário chegou à Igreja Matriz da vila.

O velório público começou cerca de 25 minutos mais tarde, depois de a família e os amigos mais próximos do empresário terem tido algum tempo a sós, para lhe prestarem homenagem em privado. Nessa altura, havia já dezenas de pessoas em fila, a aguardar a sua vez para entrar na igreja.

Costa recorda um “homem encantador”

António Costa está em Campo Maior para o funeral de Rui Nabeiro e num “grande momento de tristeza”. O primeiro-ministro recorda o comendador como um “homem que teve uma grande visão” e que conseguiu “numa terra do interior construir uma multinacional”.

Lembrou o momento em que fez uma visita guiada à fábrica da Delta e onde percebeu que Nabeiro “conhecia pessoalmente o nome de cada um dos funcionários”, que demonstrava preocupação com as famílias, com as crianças. “Era um homem encantador.”

Mas não esquece também que “foi um grande socialista e sempre empenhado”.

Também Augusto Santos Silva, presidente da Assembleia da República, fala numa “grande perda para Portugal e para Campo Maior”. Rui Nabeiro era um “cidadão de porte inteiro” e “hoje é todo o país que o chora”. “Estou certo que represento o sentimento unânime de todo o Parlamento”, disse aos jornalistas à chegada a Campo Maior.

Santos Silva recorda também a vida de quem tinha “sempre um sorriso” e estava “sempre preocupado com os outros”, num “esforço em prol do bem comum”.

“A melhor maneira de homenagear as pessoas que nos marcam é imitar”, sublinhou, admitindo ter uma “profunda admiração” por Rui Nabeiro.

Carlos César recorda Rui Nabeiro como “um dos nossos melhores”

Carlos César, presidente do PS, está em Campo Maior para o funeral de Rui Nabeiro e recorda o comendador como uma “referência para o PS”, mas principalmente como um “exemplo de empreendedorismo, sabedoria, humildade”.

“Conjugou tudo isso fazendo uma obra revelante para a comunidade mais próxima e para a representação internacional do país”, realçou, enaltecendo o facto de ter sido um “símbolo maior” do seu espaço geográfico.

Para o PS, admite que Rui Nabeiro era uma “presença muito importante”, nomeadamente nas comissões de honra dos congressos, mas também “sempre presente nos bons e maus momentos”. “Guardaremos a sua memória sempre como um dos nossos melhores”, frisou.

Emocionado, ministro da Saúde lamenta perda de “um dos maiores cidadãos” portugueses

O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, considerou que “Portugal perdeu um dos seus maiores cidadãos, um homem exemplar” e “dedicado à causa pública”, como o Serviço Nacional de Saúde. Nabeiro era “uma grande figura” e “um grande empresário”, afirmou o governante aos jornalistas, quando chegou, ao final da tarde, à Igreja Matriz de Campo Maior.

Com a voz embargada, realçando ter sido “muito amigo” de Nabeiro, pelo que lhe “custa” este momento, Pizarro evocou o apoio do empresário ao SNS, ao longo da vida. Foi “um homem dedicado à causa pública. Olhe, foi sempre um apoiante do Serviço Nacional de Saúde. Eu tenho obrigação de vir aqui, agradecer isso ao longo do tempo”, afiançou.

Questionado pelos jornalistas sobre se ainda se fazem empresários como Nabeiro, cujo humanismo e responsabilidade social têm sido destacados pelas muitas figuras públicas que têm falado, após a sua morte, no domingo, Pizarro frisou ter “esperança” que sim.

“Tenho esperança que se façam, porque acho que o mais relevante, num dia como hoje, é nós lembrarmos o seu exemplo, lembrá-lo ele como homem, mas sobretudo lembrarmos que ele é um exemplo” e que “deixa a todos uma obrigação”, nomeadamente aos políticos, afirmou. Para estes, precisou, é preciso “nunca” esquecer “em momento nenhum que a política é feita a favor do conjunto das pessoas e a favor daqueles que mais precisam, que foi uma coisa que o senhor Rui Azinhais Nabeiro fez toda a sua vida”.

O ministro da Saúde disse ainda esperar que “frutifique esta ideia de que um empresário tem também responsabilidade social”. “É muito justo que se possa ganhar dinheiro, as empresas servem para ganhar dinheiro, mas também é muito importante que se saiba distribuir o que se ganhou, que se saiba criar paz social, que se saiba partilhar com os outros, que se saiba partilhar com a comunidade. Tudo isso assenta como uma luva no percurso desse grande homem que foi o comendador Rui Nabeiro”, destacou.

E, quanto ao futuro, Pizarro, manifestou-se tranquilo de que os herdeiros do empresário saberão continuar o seu legado. “Essa foi uma das grandes obras do comendador Rui Nabeiro, foi deixar as coisas assentes para o futuro. Ele nunca deixou de viver a sua vida, nunca desistiu da sua vida, nunca desistiu da sua empresa e de tudo o resto que fez, mas também nunca deixou de pensar que, como todos, não era eterno”, argumentou.

E que, por isso, “era preciso preparar o futuro”, acrescentou o ministro, afirmando: “Confio muito que as futuras gerações vão honrar a memória do fundador desta grande empresa”.

Esta terça-feira, após a missa, o cortejo fúnebre seguirá depois rumo ao Cemitério Municipal de Campo Maior. Os colaboradores do Grupo Nabeiro – Delta Cafés em funções na vila alentejana, estão dispensados do trabalho durante estas 48 horas, para poderem prestar homenagem ao fundador, que foi também presidente da Câmara Municipal — a primeira vez por nomeação, ainda antes do 25 de Abril, as seguintes, entre 1977 e 1986, eleito, por sufrágio universal. Já os trabalhadores do grupo noutras partes do país estão dispensados apenas esta segunda-feira das suas obrigações profissionais.

A autarquia de Campo Maior decretou, logo no domingo, cinco dias de luto, em honra do empresário que é por muitos considerado o “pai” da vila. O presidente da Câmara Municipal de Beja também anunciou que vai decretar esta terça-feira dia de luto municipal devido à morte do empresário, que considerou “uma perda quase irreparável”. Elvas decretou três dias de luto municipal.

Assine por 19,74€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine por 19,74€

Apoie o jornalismo independente

Assinar agora