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A greve geral em França contra as alterações nas pensões, pacote que inclui o aumento da idade da reforma para os 64 anos, já levou pelo menos um milhão de franceses às ruas. Esta quinta e sexta-feira foram de confrontos entre os manifestantes, que bloquearam o terminal de um aeroporto, e a polícia, que conta com 441 agentes feridos e já deteve pelo menos 457 pessoas, segundo dados avançados pelo Ministério do Interior. O Presidente francês anunciou tolerância zero à violência: “Não vamos ceder a nada violento”, disse.

Se as imagens impressionam, os números comprovam a dimensão dos protestos: o jornal Le Figaro cita as estimativas de participação nas manifestações contra o governo, que o executivo francês diz que rondará um milhão de pessoas, contra 3,5 milhões indicados pelos sindicatos (em Paris, o governo fala em 119 mil manifestantes e os sindicatos nuns bem mais expressivos 800 mil). Entretanto, a intersindical francesa já anunciou um novo protesto, que fica marcado para 28 de março (próxima terça-feira).

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Os protestos subiram de tom logo pela manhã, com um grupo de manifestantes a bloquear o acesso ao terminal 1 do aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. A passagem de carros foi impedida e quem tinha de se deslocar até ao terminal teve de fazê-lo a pé, de acordo com a imprensa francesa.

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Também a circulação ferroviária enfrentou constrangimentos, com os comboios a circular com meia hora de atraso. Na capital, um grupo de manifestantes tentou bloquear as linhas de acesso à Gare de Lyon.

Entretanto, a marcha marcada em Paris arrancou com atraso, mas depressa resultou em desacatos e confrontos com a polícia. Mas os protestos espalham-se por várias ruas da cidade, onde os órgãos de comunicação franceses vão dando conta das detenções, que depois de uma noite violenta, já se aproximam do meio milhar.

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A violência registada nas ruas, que já provocou 441 feridos entre os agentes policiais, levou o prefeito da polícia de Paris, Laurent Nunez, a anunciar que vai avançar com uma ação judicial, na sequência de um ferimento na cabeça a um polícia. “Sem esperar que o próprio polícia apresente queixa, estou a contactar o procurador de Paris”, anunciou no Twitter, classificando os atos dos manifestantes de “intoleráveis”.

Segundo o Le Monde, há registo de muitos estragos, como vidros de lojas partidos e caixotes do lixo incendiados — ações levadas a cabo pelo que a polícia calcula ser um grupo de “cerca de mil” elementos “radicais” presentes no cortejo da manifestação.

De resto, há fotografias nos jornais franceses que mostram alguns desses estragos, incluindo um quiosque de rua inteiro, na praça da Ópera, em chamas — nesse caso, a polícia usou gás lacrimogéneo para obrigar os manifestantes a dispersar.

O ministro do Interior, Gérald Darmanin, como conta o mesmo jornal, disse que estavam mobilizados para os protestos desta quinta-feira 12 mil polícias e elementos das forças de segurança, cinco mil dos quais concentrados em Paris, onde foram detidos 77 dos manifestantes. Na capital francesa, a polícia registou 140 incêndios.

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Fora da capital francesa, multiplicam-se os protestos: segundo o Le Monde, as autoridades locais apontam para quase 15 mil manifestantes em Rouen (os sindicatos falam em 23 mil), 22 a 55 mil pessoas em Lyon, 20 a 40 mil em Brest e 18 a 40 mil em Montpellier. Também há manifestações de tamanho considerável em Nice ou Marselha.

Em Bordéus, ao fim da tarde, surgiram imagens da entrada do edifício da câmara municipal em chamas, num incêndio entretanto extinto. Cinco pessoas foram detidas na sequência do fogo.

Em Nantes, os manifestantes invadiram um tribunal administrativo e causaram estragos na receção, informa o Le Monde.

Notícia atualizada às 17h30