Não se pode falar propriamente em surpresas tendo em conta que o primeiro encontro de Roberto Martínez no comando técnico da Seleção seria literalmente uma folha em branco mas no onze inicial acabou por haver dois nomes que antes não se encontravam nas primeiras opções de Fernando Santos. Um, Gonçalo Inácio, fez a estreia e deu corpo a uma nova ideia tática de um 3x4x3 que assume uma linha de três defesas atrás (e que com o Liechtenstein, tendo em conta a fragilidade do adversário, foi mesmo só isso porque os laterais eram quase alas). Outro, João Palhinha, assumiu a posição de médio mais defensivo mas que na verdade passava o tempo perto da entrada da área. A boa época no Fulham (e a nível pessoal, num ano em que foi pai) teve prolongamento na Seleção mas, no regresso a Alvalade, ficou também um “recado” aos adeptos.

Um amor à primeira vista que meteu Martínez e Ronaldo a falarem a mesma língua (a crónica do Portugal-Liechtenstein)

“Fizemos um bom jogo. Respeitámos muito o adversário e em casa temos um fator extra. Estamos num processo de aprendizagem, com novas ideias e sistema, e acho que nos vamos adaptar muito bem. Temos uma equipa com jogadores muito diferentes e vamos beneficiar muito com isso. Os primeiro dias têm sido muito bons, tenho gostado bastante de trabalhar com o novo selecionador”, começou por referir o médio na zona mista após o encontro onde ficou perto de marcar na primeira parte antes de encontrar o adversário a quem marcou os dois únicos golos que tem com a camisola de Portugal o Luxemburgo (domingo).

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Acabar o jogo como central? Não é uma posição à qual esteja muito habituado mas jogo onde o mister entender e isso traz-me coisas boas. Pelas minhas características é uma posição na qual posso perfeitamente jogar”, acrescentou ainda sobre os cerca de 25 minutos realizados ao lado de Rúben Dias e Gonçalo Inácio depois de Roberto Martínez ter tirado Danilo e colocado o médio Rúben Neves em campo.

Em paralelo, João Palhinha, que deixou o Sporting no último verão para chegar à Premier League através do Fulham de Marco Silva, mostrou-se satisfeito com o triunfo dos leões na sua nova cidade de Londres… mas sem esquecer as outras equipas portuguesas. “Fiquei muito feliz, tal como também fico feliz com o apuramento do Benfica ou qualquer equipa portuguesa lá fora. Infelizmente o FC Porto não passou mas gostava que tivesse passado. Não é por ter sido jogador do Sporting, aquela mentalidade de não torcer pelos rivais… eu torço para que as equipas portuguesas tenham sucesso. O Sporting mereceu passar com o Arsenal”, destacou, antes de abordar também os assobios ao antigo companheiro João Mário, médio que regressava a Alvalade pela Seleção depois de ter trocado o Sporting pelo Benfica no verão de 2021.

“É muito triste [ouvir esses assobios]… Enquanto colega e amigo não gosto de ver isto em campo. Há que respeitar as decisões que nós, futebolistas, tomamos. Ele é um profissional exemplar e tenho pena que tenha sido assobiado. As pessoas que o assobiaram que reflitam se é essa a imagem que querem deixar aos filhos, que no futuro serão eles. Temos de pensar no legado que queremos deixar à geração futura”, concluiu João Palhinha na zona mista. Depois, Rafael Leão, outro antigo jogador dos leões que regressava a Alvalade, “fintou” a mesma questão. “Ele entrou bem, independentemente dos assobios. Somos jogadores, temos de saber lidar com isto. Não tenho mais nada a dizer sobre esse assunto”, referiu o avançado.

“João Mário é jogador de Portugal e é o único que me interessa”, tinha comentado ainda na conferência de imprensa a esse propósito Roberto Martínez, espanhol que fazia a estreia como selecionador nacional.