A Associação Natureza de Portugal (ANP) planeia concluir no final da próxima semana os trabalhos de remoção do açude de Galaxes, uma barreira fluvial obsoleta situada na ribeira de Odeleite, no concelho de Alcoutim, disse fonte associativa.

Esta é a primeira intervenção da ANP/WWF (World Wide Fund for Nature, Fundo Mundial pela Natureza, em inglês) e vai permitir a recuperação de habitats para espécies piscícolas e marinhas que utilizam este afluente do rio Guadiana, destacou a fonte da associação à agência Lusa.

Ponte pedonal volta a ligar Alcoutim a Espanha durante Festival do Contrabando

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os trabalhos foram iniciados na segunda-feira e prevê-se que “esta remoção leve cerca de 10 dias a estar completa”, precisou Ruben Rocha, coordenador de Água na ANP/WWF, estimando o fim da operação para antes da Páscoa, sublinhando tratar-se da “primeira remoção pela sociedade civil de uma barreira obsoleta” existente num curso fluvial, em Portugal.

Segundo o responsável, com este trabalho, que está a ser feito com a colaboração da Câmara de Alcoutim, vão-se libertar cerca de oito quilómetros de rio, permitindo que espécies como a enguia e o saramugo tenham mais troços de rio livre para criar habitat e reprodução.

“Esta remoção também tem resultados expectáveis nas lontras, que também passarão a ter mais rio”, acrescentou o dirigente associativo.

A ANP/WWF explicou que este açude, situado na freguesia de Vaqueiros, em Alcoutim, distrito de Faro, “é apenas uma das 8 mil barreiras obsoletas identificadas” em Portugal e que a associação pretende ver removidas o mais rápido possível.

Desmantelada rede de comércio ilícito de pescado e apreendidas oito toneladas de polvo no Algarve, diz GNR

A associação considera ser essencial que o Governo “aposte na remoção destas barreiras, que apenas constituem impedimento ao livre curso dos rios” e ao desenvolvimento de espécies autóctones.

Esta intervenção é também a “mais eficaz e menos dispendiosa” para se “restaurar de forma permanente o funcionamento destes ecossistemas, que contêm algumas das espécies mais ameaçadas a nível global”, frisou a ANP/WWF.

Ruben Rocha observou que “a estratégia para a Biodiversidade 2030 e a nova Lei do Restauro da Natureza obriga os estados membros da União Europeia a libertar pelo menos 25 mil quilómetros de rios em toda a Europa”.

O coordenador de Água da ANP frisou que em Portugal deverão ser libertados “pelo menos 600 quilómetros de rios”.

Fortaleza de Sagres foi o monumento mais visitado do Algarve em 2022

Após a conclusão dos trabalhos nesta barreira em Alcoutim, a ANP/WWF tem previsto fazer a remoção de mais um açude até ao final do ano, em Santarém, na ribeira de Perofilho, adiantou a fonte da associação.

A intervenção em Santarém ainda não tem data confirmada, mas a ANP/WWF espera que os trabalhos se iniciem em julho ou agosto.

“Paralelamente, estão a decorrer os estudos preparatórios para a remoção de barreiras nos rios Sabor, Sousa e Vascão, que permitirão restaurar a conectividade em cerca de 93 quilómetros de rio”, conclui a associação de defesa da Natureza.